Por ser a covid-19 uma doença infecciosa, a prática de atividade física não necessariamente é benéfica ou garante o não agravamento do quadro clínico.
Segundo Bruno Gualano, conforme a doença se agrava, a proteção gerada pelos exercícios físicos é reduzida e os fatores de risco se tornam determinantes para a evolução do quadro clínico.
A prática regular de atividade física não é fator determinante para evitar o agravamento da covid-19, informa estudo. Em caso de contaminação, os benefícios adquiridos pelos exercícios físicos diminuem conforme a doença se agrava e os fatores de risco se tornam preponderantes. A pesquisa foi realizada com cerca de 200 pacientes na faixa etária de 55 anos, majoritariamente com comorbidades e diferentes níveis de atividade física, internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e no Hospital de Campanha do Ibirapuera.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP e especialista em Fisiologia do Exercício, explica que, conforme a covid-19 se agrava, a proteção do exercício físico é reduzida e os fatores de risco se tornam preponderantes, como a idade avançada e doenças crônicas já associadas aos quadros graves da infecção. “A prática de atividade física confere certo benefício para o paciente leve. No entanto, na medida em que a doença evolui, essa proteção diminui e aumenta a contribuição de outros fatores que já são conhecidos.”
A prática de exercício físico é favorável e colabora para a boa evolução do quadro clínico de diversas doenças e na abreviação do tempo de hospitalização e de internação em Unidade de Terapia Intensiva. Já no caso da covid-19, por ser uma doença infecciosa, o estudo verificou que a prática de atividade física não necessariamente é benéfica ou garante o não agravamento do quadro clínico: “O exercício físico diminui a prevalência das condições crônicas associadas ao agravamento da covid-19, porém, não é um elixir. O exercício físico regular não confere proteção absoluta ao paciente com covid-19, o tal do histórico de atleta não está imune à doença e seus efeitos”, informa o especialista.
Para Gualano, a atividade física é importante para reduzir fatores de risco que não só podem agravar a covid-19, mas também outras doenças. Contudo, é importante não associar a prática com uma suposta imunidade plena à covid-19. Atletas profissionais geralmente são acometidos por quadros leves da infecção, o que está atrelado ao alto nível de atividade física, alimentação regrada e estilo de vida saudável, diferente da população em geral. “Não podemos nos comparar a esses atletas. Não somos atletas profissionais e não podemos tomar como verdadeiro o que acontece com eles. Não existe fator protetivo absoluto contra o agravamento da covid-19. O estilo de vida em si não é um fator de proteção absoluto”, finaliza.
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Foto destacada: Cecília Bastos / USP Imagens