Um novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids tem mudado a forma de tratamento dos pacientes do Brasil. Desde 2013, todas as pessoas com HIV positivo podem iniciar o tratamento da doença logo após o diagnóstico.
Em um ano, foi registrado aumento de 30% no número de pessoas que iniciaram o tratamento com antirretrovirais. Neste período, o número de novos pacientes passou de 57 mil para 74 mil. Atualmente, cerca de 404 mil pessoas usam estes medicamentos, ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Até dezembro de 2013, apenas quem tinha uma carga alta podia iniciar o tratamento.
O acesso precoce ao tratamento melhora a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV. O consultor de Relações Internacionais Diego Callisto, 26 anos, foi diagnosticado aos 18 anos e reitera a importância. “O tratamento precoce é diretamente ligado à qualidade de vida de quem é diagnosticado. Quanto mais precocemente se inicia o tratamento, melhor. Quando começamos o tratamento precocemente, a chance de adesão, de aceitarmos o diagnóstico, é muito maior. Além disso, a autoestima da pessoa também é beneficiada”, disse.
O tratamento com antirretrovirais também diminui a chance de transmissão do HIV para outras pessoas. Diego, que vive diariamente a realidade dos pacientes, ressalta que isso ajuda para quem ainda tem comportamentos de risco. “Sabemos que quando a pessoa está em tratamento ela reduz a transmissibilidade em até 96%. Isso é importante para que consigamos evitar novos casos de infecção de HIV. Principalmente quando as pessoas têm comportamentos de riscos com os parceiros sexuais”.
O incentivo ao diagnóstico e o inicio imediato dos tratamentos também refletiram na redução da mortalidade e da morbidade do HIV. Desde 2003 houve uma queda de 15,6% na mortalidade dos pacientes com Aids no país. A taxa caiu de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2003 para 5,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2014. Diego é o exemplo de que com o tratamento seguido a risca é possível ter uma vida saudável, mesmo convivendo com o HIV. “Comecei o tratamento dez dias depois do diagnóstico e depois de um mês a carga já estava indetectável. Tenho muito orgulho disso, pois é um parâmetro que mostra a eficácia do tratamento e o benefício disso em nossa qualidade de vida. Eu nunca desenvolvi nenhuma doença desde que adotei o tratamento”.
Todas essas medidas demonstram também a disposição do país de alcançar o cumprimento da meta 90-90-90 (90% de pessoas testadas, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável) até 2020. Ela foi estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Atualmente o país já se encontra em estágio avançado para o alcance dessas metas.