Poluente aumenta pressão arterial de controlador de tráfego

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que monitorou controladores de tráfego (conhecidos como “marronzinhos”), revela que houve aumento da pressão arterial associada à exposição aos poluentes emitidos pelos veículos.  Os dados para o estudo foram obtidos na cidade de Santo André, na região do ABC em São Paulo. O estudo, de autoria do arquiteto Paulo Chiarelli, teve orientação dos professores Lourdes Conceição Martins, da FM, e Celso Ferreira Filho, da Faculdade de Medicina do ABC.

 
Participaram do experimento 19 homens, entre 30 e 50 anos, sem hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, e alcoolismo. Pela manhã, antes da jornada de trabalho, foi colocado um Monitor Ambulatorial de Pressão Arterial (MAPA), em cada controlador de tráfego, obtendo-se mensurações durante as 24  horas do dia.

A partir do monitoramento, encontrou-se uma associação entre o nível de poluentes e o aumento da pressão sistólica e diastólica (ou pressão máxima e mínima). A professora Lourdes, do Núcleo de Estudos de Epidemiologia Ambiental da FMUSP, aponta que “a alta exposição aos poluentes pelos controladores de tráfego nas ruas também pode ocasionar ou agravar doenças cardio-circulatórias”.

De acordo com Chiarelli, os níveis de poluentes em Santo André registrados pela pesquisa são inferiores aos registrados na cidade de São Paulo, dentro dos limites aceitos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “O efeito do material particulado, um dos principais poluentes, foi mais observado no final da tarde”, ressalta.

Poluentes
A cidade de Santo André possui um regime de ventos típico de uma cidade serrana, devido a proximidade da Serra do Mar. ”Isto que ajuda a dissipar os poluentes”, aponta o pesquisador. “Entretanto, além do material particulado, existem muitos outros poluentes emitidos pelos veículos e pelo Pólo Petroquímico de Capuava, ao qual os controladores de tráfego também estiveram expostos.”

O arquiteto ressalta que a associação entre doenças cardiovasculares e exposição a  poluentes não é apenas um problema de saúde pública, mas também de  urbanismo. “O grande aumento do número de veículos nas ruas  movimenta a economia, mas o ganho pode ser anulado pelas despesas com o tratamento de doenças associadas aos poluentes”, destaca.

A dissertação de mestrado de Paulo Chiarelli, Efeito da poluição do tráfego na pressão arterial dos agentes de trânsito em Santo André, foi defendida  em outubro de 2009. Em seu doutorado, o pesquisador pretende verificar o efeito da exposição aos poluentes entre os controladores de tráfego da  cidade de São Paulo, dando continuidade a linha de pesquisa.

Mais informações: pschiarelli@usp.br

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