Cientistas suecos afirmam que conseguiram construir um capacete que consegue determinar rapidamente se um paciente sofreu hemorragia ou coágulo no cérebro, acelerando o diagnóstico de derrame e aumentando as chances de recuperação.
O dispositivo lança microondas no cérebro para determinar se houve uma hemorragia ou se algum coágulo entupiu uma veia, as duas formas comuns de acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Os cientistas das instituições Universidade de Tecnologia Chalmers, Academia Sahlgrenska e Hospital Universitário Sahlgrenska planejam tornar o aparelho disponível para equipes de socorro em ambulâncias.
Já foram feitos testes bem-sucedidos do capacete em fases iniciais do estudo, com 45 pacientes.
A pesquisa teve seus detalhes publicados na revista especializada Transactions on Biomedical Engineering.
Contra o tempo
Quando uma pessoa sofre um derrame, os médicos precisam trabalhar rapidamente para que conter os danos no cérebro.
Se o paciente demorar mais do que quatro horas para chegar ao hospital e começar o tratamento, partes do tecido cerebral poderão morrer.
Mas, para dar o melhor tratamento, os médicos primeiro precisam descobrir se o derrame é causado pela hemorragia em um vaso sanguíneo ou por um vaso sanguíneo bloqueado por um coágulo.
Uma tomografia computadorizada geralmente pode mostrar a causa, mas é preciso algum tempo para marcar um exame destes, mesmo quando o paciente é considerado um caso de urgência em um hospital que tenha o equipamento necessário.
Para acelerar todo o processo, os pesquisadores suecos inventarem o dispositivo portátil que pode ser usado já quando o paciente está sendo levado para o hospital.
Microondas
O capacete usa microondas – as mesmas emitidas por fornos de microondas e telefones celulares, mas muito mais fracas – para elaborar uma imagem do que está acontecendo dentro do cérebro do paciente.
Os testes com um dos primeiros protótipos, que usou um capacete de ciclista adaptado, mostraram que o dispositivo pode distinguir de forma precisa entre hemorragias e coágulos, apesar de não conseguir fazer isto 100% do tempo.
Desde então, os cientistas construíram e testaram um capacete feito sob medida para se encaixar melhor a crânios de formas e tamanhos diferentes, e testaram o dispositivo com a ajuda de enfermeiras e pacientes em um hospital local.
Para o futuro, eles planejam encaixar o capacete em um travesseiro onde o paciente possa apoiar a cabeça. Por enquanto, os cientistas afirmam que o capacete precisa passar por mais testes.
E, segundo os pesquisadores, apesar da rapidez, os médicos precisarão usar também outros exames para diagnosticar um derrame.
“A possibilidade de descartar a hemorragia já na ambulância é um grande avanço que trará muitos benefícios no tratamento de derrame agudo”, disse o pesquisador Mikael Persson.