Pessoas vivendo com HIV são mais vulneráveis à tuberculose

A tuberculose é a principal causa de óbito entre os portadores do vírus HIV: eles têm 35 vezes mais chances de ter a doença do que a população em geral. O bacilo de Koch, que causa a tuberculose, se aproveita que o sistema responsável pela defesa do organismo esta afetado pela Aids e se manifesta. Os portadores do vírus HIV José Hélio Costalunga e Jair Brandão sentiram isso na pele e hoje trabalham na luta contra a Tuberculose e o HIV/Aids combatendo a co-infeção.

Ainda com 18 anos, em 1992, Jair Brandão de Moura Filho contraiu o HIV. De lá pra cá teve tuberculose quatro vezes. Jair explica que tratar uma co-infecção de tuberculose com Aids é mais complicado. “Tomar os medicamentos para a tuberculose mais os retrovirais é um desafio porque são muitos comprimidos. Os da tuberculose têm que tomar de jejum e os do HIV têm efeitos colaterais. E para juntar tudo isso a pessoa precisa de uma organização para não esquecer nenhum remédio”, comenta.

Jair começou seu ativismo no movimento nacional de luta contra a Aids em 1998, mas foi somente a partir de 2007 que entrou no movimento da tuberculose. “Entrei nas discussões de tuberculose porque no movimento da Aids não tínhamos o tema co-infecção, ele não estava inserido”, ressalta Jair Brandão.

Para o militante José Hélio Costalunga, a participação da sociedade civil é fundamental Foto: arquivo pessoal

Para o militante José Hélio Costalunga, a participação da sociedade civil é fundamental Foto: arquivo pessoalO militante José Hélio Costalunga entrou para o movimento social de luta contra a tuberculose e Aids através de bate-papos na internet. “Foi quando conheci um monte de militante. A gente conversava sobre as situações, incômodos, essas coisas. Quando vi, estava no meio das discussões e não dava pra ficar mais longe dessa história”, conta José Hélio, que chegou a precisar tomar 46 comprimidos por dia para combater a co-infecção. Hoje o número de medicamentos é bem menor, o que facilita o tratamento.

É fundamental a participação da sociedade civil na construção das políticas públicas, avalia José Hélio. Para ele, as pessoas que vivenciaram a co-infeção por tuberculose e Aids precisam ser ouvidas pelo poder público. “Nós cobramos, mas também trazemos respostas. E as grandes respostas serão encontradas com o apoio, ajuda e anuência da sociedade civil. Não temos os saberes técnicos, mas temos os saberes da vivência e o conhecimento de causa”, argumenta o ativista.

Um exemplo dessa parceria entre sociedade civil e poder público foi a campanha lançada este ano no Dia Mundial da Luta Contra a Tuberculose pelo Ministério da Saúde. A campanha publicitária foi construída junto com os movimentos sociais. O coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Dráurio Barreira, destacou o apoio da população. “O Ministério da Saúde tem se articulado com a sociedade civil para prevenir a doença entre as populações mais vulneráveis, como as comunidades indígenas, população em situação de rua e pessoas com HIV”, afirmou.

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