Pesquisa da UFMG testa novo medicamento para Mácula

As pessoas com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) na forma exsudativa (úmida) e em estágios iniciais terão à sua disposição, via SUS, um tratamento novo, seguro e eficaz, disponibilizado por meio de uma pesquisa multicêntrica internacional da qual a UFMG participa, ao lado da Unifesp e da USP, no Brasil.

Aprovado pelo Comitê de Ética Médica da UFMG, Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e autorizado pela Anvisa, o estudo, que já começou nos Estados Unidos, é supervisionado pelo FDA (Food and Drug Administration), órgão que controla o uso de medicamentos nos Estados Unidos.

Na fase atual, pesquisadores de centros de pesquisa do Brasil e dos Estados Unidos irão comparar os resultados obtidos com o novo tratamento em um grande número de pessoas.

Segundo o oftalmologista Márcio Nehemy, professor titular da Faculdade de Medicina, chefe do Serviço de Retina e Vítreo do Hospital São Geraldo, e coordenador da pesquisa na UFMG, o que garante a segurança do medicamento, que é injetado dentro dos olhos, é que ele já foi aprovado nas fases 1 e 2.

Isso significa dizer que ele não tem efeitos colaterais significativos. “Sua eficácia é pelo menos igual ao tratamento convencional”, esclarece o médico, mas acreditando que haja potencial para a nova droga ser mais efetiva do que as atualmente usadas.

Ele também chama a atenção para o fato de que, como é usual em pesquisas de alto nível, todos os dados das pessoas que aceitarem participar serão confidenciais, atendendo a todas as normas científicas e éticas internacionais.

Encaminhamento ao Posto de Saúde
O paciente interessado deve procurar um posto de saúde e, caso o diagnóstico da doença seja confirmado, poderá pedir ao médico que o encaminhe para a pesquisa no Hospital São Geraldo da UFMG.

“Aquelas pessoas encaminhadas, mas que não se enquadrarem nos pré-requisitos também serão orientadas e tratadas pela equipe envolvida, porém pelas formas convencionais, sem nenhum custo para o paciente”. O professor Nehemy já coordenou diversos estudos sobre outros tratamentos para a mesma doença, com raio laser, colírios e outros medicamentos.

A Doença
A DMRI é a principal causa de cegueira legal, (que incapacita para o trabalho) do mundo ocidental. Ela se caracteriza pela degeneração das células sensíveis à luz no centro da retina, ou mácula, o que provoca o embaçamento gradual da visão. A mácula é a área mais importante da retina, responsável pela visão de cores e de detalhes.

Ela atinge 5% da população acima de 65 anos e 10%, acima de 70 anos. A DMRI se apresenta nas formas seca – que geralmente leva a baixa de visão lenta e progressiva, ou úmida – que geralmente causa baixa de visão mais rápida e acentuada que a forma seca.

Em cerca de 85% dos casos a doença apresenta-se na forma seca e em 15% apresenta-se na forma úmida ou exsudativa, que embora seja menos comum é a forma mais grave da doença.

Embora os sintomas da doença, no início, possam ser imperceptíveis, muitas vezes o paciente percebe uma distorção das imagens, que, posteriormente, evolui para uma baixa de acuidade visual. “Às vezes, apenas um dos olhos apresenta a baixa de visão, enquanto o outro continua a enxergar bem durante muitos anos. Entretanto, quando ambos os olhos são afetados, a diminuição da visão central pode ser percebida mais precocemente”, explica.

Márcio Nehemy ensina que as causas são relacionadas à idade e à propensão genética. “Os sintomas mais freqüentes são a perda da capacidade de visão central, como se as palavras estivessem “borradas” ou ofuscadas. A pessoa passa a não conseguir ler, ver as horas, ou enxergar o rosto de uma pessoa, por exemplo”, cita.

Outra característica da doença é a área escura ou vazia no centro da visão. “A pessoa passa a enxergar linhas retas como se fossem tortas, como na ilustração abaixo”, exemplifica, dizendo ainda que, “Com o tempo, à medida que a mácula perde as funções, a visão central é perdida de forma irreversível”.

Para o diagnóstico acontecer o mais cedo possível, o especialista recomenda a quem já passou dos 50 anos que vá ao oftalmologista pelo menos uma vez por ano.

A catarata é a doença mais temida, mas ela pode ser corrigida com uma microcirurgia delicada, mas relativamente simples, com ótimos resultados.

Já a degeneração macular tem um tratamento mais difícil e prolongado, que se estende por meses e anos e que tem como objetivo principal preservar a visão. Após um determinado estágio a perda de visão se torna irreversível, daí a grande importância de detectá-la e tratá-la precocemente.

TIPOS DE DMRI
Seca: quando a retina vai atrofiando na visão central, ou seja, a pessoa vai perdendo gradativamente a visão de detalhes. O tratamento tradicional consiste na utilização de vitaminas específicas.

Exsudativa ou úmida: caracterizada pela formação de vasos sangüíneos anormais embaixo da retina. Estes vasos permitem o vazamento de fluidos ou sangue, o que causa o embaçamento da visão central. A perda da visão pode ser rápida e grave. Os tratamentos atualmente disponíveis incluem a terapia fotodinâmica, que utiliza feixes de raios laser no espectro do infravermelho e medicamentos com ação antiangiogênica. A comunidade científica internacional acredita que o novo medicamento que será testado possa ter um efeito terapêutico tão eficaz ou superior às outras modalidades de tratamento atualmente utilizadas.

Faculdade de Medicina da UFMG

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