Peixe de fácil adaptação, inclusive a ambientes contaminados, e já encontrado em todo o mundo, a tilápia (Oreochromis niloticus) tem potencial para integrar sistemas de biomonitoramento, que permitirão, por exemplo, conhecer a qualidade da água de um rio. É o que indica uma dissertação de mestrado recém-defendida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. A autora, a veterinária Ana Luiza Michel Cavalcante, fez experimentos com 73 tilápias expostas ao chumbo e confirmou que alguns componentes do sangue dos peixes aumentavam ou diminuíam em função da presença do metal no organismo. Esses resultados sustentam a tese de que as tilápias podem servir como espécies sentinelas, pois, quando expostas a um contaminante, o organismo delas sofre alterações que podem ser medidas.
O chumbo é um metal largamente empregado em indústrias e, por isso, um dos contaminantes ambientais mais comuns, tóxico para os homens e para os animais, diz Ana Luiza, que fez sua pesquisa no Laboratório de Toxicologia do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, sob orientação dos pesquisadores Rita Mattos e Moacelio Veranio.