O Ministério da Saúde, com o apoio do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), produziu uma nova versão do Guia Alimentar para a População Brasileira, originalmente publicado em 2006. São informações, análises, recomendações e orientações sobre escolha, preparo e consumo de alimentos, que facilitarão a prevenção tanto da desnutrição, em declínio no País, quanto de doenças em ascensão, como a obesidade, diabetes e outras patologias crônicas relacionadas à alimentação.
Antes de ser publicado, o ministério fará uma consulta pública do documento para que a população possa fazer sugestões ou comentários. Ele já está no portal do Ministério da Saúde desde o dia 10 de fevereiro, e permanecerá no ar até 7 de maio.
O processo de construção do novo guia começou em 2011, após convênio entre Ministério da Saúde, Nupens e OPAS. Ele foi baseado em evidências científicas na área de alimentação, além do resultado de duas oficinas realizadas na FSP com pesquisadores, profissionais de diversos setores e organizações não governamentais.
De acordo com Carlos Augusto Monteiro, professor do Departamento de Nutrição da FSP e coordenador científico do Nupens, a proposta da nova versão foi trazer recomendações de padrões de alimentação que são efetivamente praticados pela população brasileira. “A originalidade desse trabalho está no fato de ser baseado na realidade do País. Geralmente, os guias alimentares são muito didáticos e distantes do dia a dia da alimentação das pessoas. Parte das informações foram respaldadas no inquérito do consumo alimentar no Brasil, feito pelo IBGE”.
Orientação
O guia traz três recomendações básicas: basear a alimentação em alimentos in natura e minimamente processados, utilizar com moderação óleos, gorduras, sal e açúcar ao preparar os alimentos, e limitar produtos prontos para o consumo.
Há também informações para que as pessoas possam diferenciar o alimento dos produtos alimentícios. “Para a nova versão, trouxemos uma posição mais crítica aos produtos industrializados que têm crescido o consumo no País. É importante que as pessoas saibam que não devem substituir totalmente os alimentos por produtos industrializados e que estes devem ser consumidos com moderação”, afirma Monteiro.
Segundo o professor, o guia traz ainda embasamento para que a população seja crítica às propagandas alimentícias. “Elas não são mensagens educativas, com informações baseadas em conhecimentos científicos, é mais marketing do que ciência”. Monteiro acredita que a informação é essencial para que consumidores façam melhores escolhas e construa uma alimentação saudável.
Outra orientação é cozinhar o seu próprio alimento sempre que possível, fazendo do ato de cozinhar um momento familiar. E, se precisar comer fora de casa, opte por restaurantes que servem comida, como os restaurantes ‘por quilo’ e evite as redes de fast food.
“Precisamos resgatar e valorizar a culinária, planejar as nossas refeições, trocar receitas com amigos e envolver a família na preparação das refeições. Isso pode até implicar dedicação de mais tempo, mas o ganho em saúde [e na convivência com os seres queridos] é significativo, além de poder trazer economia ao orçamento da familiar, já que, no Brasil, a alimentação preparada na hora ainda é mais barata do que a baseada em produtos prontos para consumo”, reforça Patrícia Jaime, coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
A publicação resume ainda, em dez dicas, como se obter uma alimentação saudável. São elas: fazer de alimentos a base da alimentação; usar óleos, gorduras, sal e açúcar com moderação; limitar o uso de produtos prontos para consumo,comer com regularidade e com atenção e em ambientes apropriados, comer em companhia; fazer compras de alimentos em locais que ofertem variedades de alimentos frescos e evitar aqueles que só vendem produtos prontos para consumo; desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece; dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora e evitar redes de fast food; ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.