Queda de idosos é principal causa de traumas de coluna

Um estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mapeou a realidade brasileira das internações hospitalares decorrentes de traumas na coluna. A professora de enfermagem Vanessa Luiza Tuono, do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Santa Catarina e, durante o estudo, mestranda da FSP no curso de Epidemiologia, pesquisou o perfil dos pacientes, os principais motivos e os aspectos técnicos das internações brasileiras. Ela constatou dados interessantes, como a elevada porcentagem de internações devido a quedas e acidentes de trânsito e a predominância de jovens do sexo masculino entre as vítimas.

A pesquisadora levantou informações sobre internações hospitalares no banco de dados para traumas de coluna do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), com dados referentes ao período de 2000 a 2005. Ela constatou que 3% das internações por causas externas (acidentes e violências) são com diagnóstico de trauma de coluna, o que corresponde a cerca de 20 mil internações/ano. Destas, 7% são com comprometimento da medula espinal.

Vanessa explica que “os traumas com acometimento da medula geralmente são lesões graves que deixam seqüelas irreversíveis, tanto que, na maioria dos casos os pacientes acabam morrendo ou ficando inválidos”. Segundo os dados levantados, as lesões do nível lombo-sacral, que causam paraplegia na maior parte dos casos, representam 60% do total das internações; as lesões cervicais (mais graves), que geralmente deixam as vitimas tetraplégicas e, portanto, inválidas, representam 28% dos casos. A professora explica que quanto mais próximas da cabeça mais graves são as lesões de coluna.

“As causas das lesões provêm predominantemente de quedas, que representam cerca de 40% das internações” explica Vanessa. Inclui-se nessa porcentagem quedas de idosos em casa, na maioria mulheres, e de trabalhadores da construção civil principalmente. Em segundo lugar estão os acidentes de trânsito, que representam 23% das internações, sendo que, destes, 30% são pedestres. Completam a lista as lesões por mergulho em águas rasas com 20% dos casos, tentativas de homicídio com 6% e outros casos 1%.

Problema de Saúde Pública
O tempo médio de cada internação é de 9 dias para lesões sem acometimento medular e de 17 dias para as que causam acometimento. Comparando esse período com os gastos médios da internação, que são de cerca de R$ 1.523,00, Vanessa concluiu que as internações representam um custo elevado para o Estado.

Segundo a pesquisadora, a maior parte dos pacientes são jovens do sexo masculino, com idades entre 20 e 29 anos. “No período pesquisado houve um crescimento das internações, que passou de 15 casos para cada 100 mil habitantes, para 22,9 casos” diz, lembrando que “a região Sul e o Distrito Federal foram as regiões com maiores índices de internações”.

Devido a esse crescimento, e também pelos pacientes estarem no auge de sua produtividade profissional e pessoal, e mais ainda, pelo fato de as lesões causarem seqüelas quase sempre irreversíveis, o estudo mostrou que os traumas com comprometimento medular representam um grande problema de saúde pública.

Mais informações: (47) 3431-5628, email vanenf@usp.br, com a professora Vanessa Luíza Tuono

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