Você já ouviu falar do vírus HTLV? Apesar de ter impactos menores que o HIV, é preciso se cuidar também contra esse outro vírus sexualmente transmitido. A Infecção pelo Vírus T-linfotrópico humano (HTLV) é um retrovírus transmitido do mesmo jeito que o HIV, ataca o sistema imunológico e também não pode ser eliminado do corpo. Menos agressivo que o HIV, o HLTV na maioria das vezes não se manifesta. Apenas 3% a 5% dos infectados desenvolvem alguma patologia grave com o vírus.
As duas principais doenças que o HTLV causa são a leucemia de célula T e a paraparesia espástica tropical. Essa última pode ocasionar a perda dos movimentos da cintura para baixo. De origens neurológicas, elas costumam trazer graves problemas aos pacientes.
A transmissão ocorre de diferentes formas, incluindo a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho, através da via transplacentária ou pela amamentação; pelo contato sexual sem proteção; pelo compartilhamento de seringas contaminadas e por transfusões de sangue infectado. Essa última forma de transmissão é rara, já que toda bolsa de sangue é testada. “Nosso maior desafio é evitar a transmissão de mãe para filho”, explica a presidente da ONG Vitamore, Sandra do Valle, que atua com os portadores do vírus. Recomenda-se que as mães portadoras do HTLV evitem amamentar.
Com maior prevalência na Bahia, o HTLV tem se manifestado também com mais força no Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Sul. Por motivo ainda desconhecido, os coquetéis retrovirais que combatem o HIV não funcionam com o HTLV, apesar de também ser um retrovírus. “Como ele não tem medicação própria, é mais difícil evitar as doenças oportunistas”, explica Sandra, que aponta a tuberculose como uma preocupação dos portadores. As doenças oportunistas são aquelas que aparecem nas pessoas que estão com o sistema imunológico fragilizado.
Mesmo sem medicação própria, Sandra do Valle explica que há como conter o avanço da doença, caso ela venha se manifestar, com medidas não medicamentosas. “A pessoa pode estabilizar a doença e evitar que ela se agrave mudando seus hábitos. Ter uma boa alimentação, fazer alguma atividade física, e também uma fisioterapia adequada”, relata a presidente da ONG Vitamore.
Sandra decidiu montar a ONG após descobrir que era portadora do HTLV. Segundo ela, o mais difícil no começo foi a falta de informação. Por isso, decidiu saber tudo sobre a doença. “Minha saúde está estável, meus exames neurológicos são excelentes, faço visita ao meu médico de 3 em 3 meses para avaliação, e posso dizer que no momento estou assintomática”, comemora Sandra, que passou a ter uma alimentação diferenciada e fazer exercícios, e hoje ajuda os que passam pela mesmo dificuldade.