Peso ao nascer e pressão arterial estão interligados, diz estudo

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP indica que o peso dos bebês no momento do nascimento pode influir no futuro desenvolvimento de problemas de hipertensão (pressão alta). O estudo foi realizado pela professora Joilane Pereira Alves em seu mestrado, defendido em outubro do ano passado. Os resultados da pesquisa apontaram que, quanto menor o peso do recém-nascido, maior é a probabilidade de que sua pressão seja alta.

"Apesar dos resultados, ainda não se pode dizer que peso ao nascer seja determinante para a ocorrência de problemas de pressão", observa a pesquisadora. Segundo ela, mais estudos ainda são necessários pois existem muitos outros fatores a serem levados em consideração.

A pesquisa foi realizada com crianças que já haviam participado de um estudo anterior feito pela orientadora de Joilane no mestrado, a professora Patrícia Helen de Carvalho Rondó. “Inicialmente, no trabalho da minha orientadora, eram 890 crianças que tiveram dados coletados no período pré-natal (antes de nascer) e logo após o nascimento. Para o meu estudo, conseguimos localizar 745 delas, mas apenas 472 participaram das três fases da pesquisa”, conta. A idade dos avaliados atualmente está na faixa entre 5 e 8 anos.

Essas três fases consistiram basicamente numa pesquisa sócio-econômica, exames de sangue e antropométricos (que determinam a quantidade de gordura corporal) e, por fim, a medição de pressão arterial por meio de equipamentos de alta precisão. Segundo Joilane, para garantir a menor ocorrência de erros no processo, a coleta dos dados foi feita com pesquisadores especialmente treinados para o procedimento.

As alterações de pressão foram observadas apenas na pressão arterial sistólica. A pesquisadora explica: “Pressão arterial sistólica é a pressão ‘maior’. Por exemplo: quando falamos que alguém está com a pressão 12 por 8 o primeiro número se refere à sistólica”. Essa é a pressão “máxima”, medida no exato momento do batimento cardíaco, quando o sangue exerce mais força sobre os vasos sangüíneos.

Teoria da Programação Fetal:

A idéia do estudo surgiu, segundo a pesquisadora, a partir da Teoria da Programação Fetal desenvolvida pelo epidemiologista inglês David Barker, na década de 80. Ele observou que regiões pobres, onde os bebês nasciam com peso baixo devido a escassez de comida, havia maior incidência de doenças cárdicas entre os adultos. “A idéia principal é a de que as doenças crônicas são biologicamente ‘gravadas’ no indivíduo no período pré-natal e nos primeiros meses de vida quando há condições adversas”, explica.

Segundo Joilane, discutir e testar hipóteses relacionadas a essa teoria é algo extremamente necessário dado o perfil de saúde da população brasileira. “Nas últimas décadas, a ocorrência de doenças crônicas não-transmissíveis tem aumentado em relação a doenças infecciosas e parasitárias”, afirma. Por isso, diz ela, é necessário identificar as causas desse tipo de doença para estabelecer políticas públicas eficientes na área de saúde.

Mais informação:
(0XX86) 3236-7728
Ou pelo e-mail: joilane@usp.br

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