Exposição na Fiocruz exibe ‘corpo, saúde e ciência’

Peças anatômicas, instrumentos médicos raros usados em exames e exemplares de vacinas antigas, reunidos desde o início do século XX, são parte da exposição “Corpo, Saúde e Ciência: o Museu da Patologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)”, que fica em cartaz até o final do ano, no Castelo Mourisco, localizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O evento, que conta com o apoio da FAPERJ, por meio do programa de Apoio à Acervos (APQ 4), busca não somente preservar um patrimônio histórico, como também resgatar o trabalho realizado no passado por grandes médicos patologistas. Para o professor, médico e Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ Marcelo Pelajo, um dos curadores da mostra, o objetivo é disponibilizar todo esse conhecimento científico para a sociedade e permitir ainda que ele sirva de base para novas pesquisas na área. “O nosso principal público-alvo são os estudantes, que contam com atividades lúdicas e com uma visita guiada por toda a mostra. Atualmente, em média, quatro escolas visitam a exposição por dia”, comemora Pelajo. Os outros dois curadores são os professores Pedro Paulo Soares e Barbara Dias.

Para compor a exposição, segundo Pelajo, foram selecionados cerca de 100 itens que integram o acervo original de três coleções biológicas, de alto valor histórico, mantidas pelo IOC e pela Fiocruz: a Coleção da Seção de Anatomia Patológica, criada em 1903 pelo próprio sanitarista Oswaldo Cruz; a Coleção de Febre Amarela, que registra a história das epidemias da doença ocorridas no Brasil entre 1928 e 1970; e a Coleção do Departamento de Patologia do IOC, iniciada em 1984, que reúne diversos materiais experimentais, como lâminas histológicas e peças anatômicas. “Durante o regime militar, parte desse acervo foi perdido ou destruído. Em meados da década de 1980, se iniciou um trabalho de recuperação e preservação desse material, o qual foi intensificado a partir de 2007 quando foi traçado um plano diretor para esse fim.

Pelajo revela que a ideia de organizar a mostra surgiu por meio da constatação de que havia um grande interesse do público pelo assunto. Ele conta que em algumas campanhas de vacinação infantil organizadas pela Fiocruz, foi montado um estande com painéis informativos sobre o trabalho realizado no Laboratório de Patologia. “E, para nossa surpresa, tivemos uma grande procura durante e também após esses eventos. Foi a partir dessas experiências que criamos o Museu da Patologia on-line, com recursos do edital Apoio à Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia, da FAPERJ. Esta foi nossa primeira iniciativa de divulgação do acervo das três coleções”, relata o médico, que acrescenta: “No ambiente on-line, recebemos vários pedidos para a abertura do museu físico, a fim de divulgar a ciência e tornar o acervo disponível para visitas.”

De acordo com o curador, a exposição foi pensada a partir de três objetivos. O primeiro busca promover uma maior interação com o público, por meio de atividades lúdicas, como a observação de células ao microscópio e uma miniatura de sistema circulatório, que descreve com cores diferentes a pequena e a grande circulação sanguínea. “A atividade mais apreciada, principalmente pelas crianças e adolescentes, é o torso humano, no qual se encaixam peças tridimensionais que mimetizam os órgãos internos. O legal é que acabam aprendendo um pouco mais sobre essas partes do corpo humano, já que a brincadeira é associada ao conteúdo teórico apresentado ao longo da mostra por cartazes, peças anatômicas ou pelo mediador”, descreve Pelajo.

O segundo objetivo é apresentar as questões da evolução dos estudos sobre anatomia patológica. Pelajo explica que foram selecionados vários documentos e também peças anatômicas que traçam uma linha histórica das pesquisas realizadas por grandes médicos sanitaristas, como Gaspar Vianna, Emmanuel Dias, Magarinos Torres, entre outros. Por último, a exposição busca apresentar as curiosidades sobre as técnicas usadas no processo de avaliação histopatológica das doenças. “Muitos não sabem, mas muitas vezes a observação clínica do paciente e os exames de imagens não são suficientes para fechar um diagnóstico. É quando entram em cena os histotecnologistas e os patologistas, que, a partir da análise de um fragmento de tecido biológico poderão avaliar suas células e ajudar no diagnóstico.”

Realizada pelo IOC e pelo Museu da Vida, ambos da Fiocruz, a iniciativa conta com financiamento da FAPERJ e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Instituto Biológico (São Paulo), o hospital A.C.Camargo Cancer Center (São Paulo) e os museus de Anatomia e D. João VI, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colaboraram com o fornecimento de algumas peças. A exposição, que foi prorrogada e pode ser visitada até o dia 28 de dezembro de 2013, tem entrada gratuita e acontece de terça a sexta-feira, das 9h às 16h30 (com agendamento prévio para grupos, pelo telefone [21] 2590-6747), e aos sábados, das 10h às 16h (visitação livre, sem necessidade de agendamento), na Sala 307 do Castelo da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365).

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