Seminário Epidemiologia, sanitarismo, povos indígenas e controle da tuberculose: a atualidade da agenda de Noel Nutels

O grupo de pesquisa em Saúde Indígena da ENSP e o Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP) realizarão, na segunda-feira (29/4), o seminário Epidemiologia, sanitarismo, povos indígenas e controle da tuberculose: a atualidade da agenda de Noel Nutels. Aberto ao público, o evento pretende elucidar aspectos históricos relativos ao programa de controle da doença entre os indígenas, apresentar indicadores epidemiológicos atualizados e debater aspectos operacionais. Além disso, visa abordar características sociais e culturais relacionadas à tuberculose. O seminário será realizado no salão internacional da ENSP, das 9 às 17 horas.
O evento está intimamente ligado ao Movimento Abril Indígena, que congrega lideranças dos índios de várias regiões do país. Também conta com o apoio de organizações que se reúnem e se fortalecem em torno da permanente luta para que o Brasil reconheça os direitos indígenas referentes a cultura, terra, saúde, liberdade de expressão e crenças, entre outros, assegurados desde a Constituição Cidadã de 1988. A abertura caberá ao diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, e pelos pesquisadores Carlos Coimbra Jr., do Departamento de Endemias Samuel Pessoa, e Otávio Porto, do CRPHF.

Centenário do nascimento de Noel Nutels
O seminário ocorre no ano em que o médico sanitarista Noel Nutels comemoraria 100 anos. Na década de 1950, Nutels foi idealizador e diretor do Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (Susa), que, em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), levou assistência médico-sanitária às populações residentes no interior do país.
No escopo das ações desenvolvidas pelo Susa, Nutels tornou-se pioneiro na investigação da tuberculose entre os índios brasileiros, e parte do conhecimento disponível hoje sobre o tema se deve ao seu esforço. “Assim, o seminário também pretende homenageá-lo”, afirmam os coordenadores do evento. “A ideia central é tratar dos avanços alcançados com as pesquisas recentes e identificar os principais desafios para se obter um efetivo controle da enfermidade entre as populações indígenas”, completaram.

A tuberculose nas populações indígenas
Embora a incidência e a mortalidade por tuberculose (TB) no Brasil tenham reduzido em torno de 20% e 30%, respectivamente, ao longo das últimas duas décadas, ainda são notificados cerca de 80 mil casos novos e 4 mil óbitos anualmente no país.
À semelhança do relatado em outros países, no Brasil a TB está associada às precárias condições de vida dos habitantes, verificando-se marcada desigualdade na distribuição da doença. Quantidade expressiva de casos concentra-se entre populações vulneráveis, com destaque para os indígenas. Entre os grupos nativos da região amazônica, são reportadas incidências que ultrapassam em até dez vezes as médias nacionais e regionais, casos resistentes às drogas utilizadas no tratamento, altas prevalências de infecção tuberculosa latente (ILTB), além de elevadas proporções de adoecimento entre crianças e adolescentes.
O grupo de pesquisa em Saúde Indígena da ENSP é formado pelos pesquisadores Carlos Coimbra Jr, Ricardo Santos, Paulo Basta, Reinaldo Souza-Santos, Andrey Cardoso e James Welch. O seminário é coordenado por Carlos Coimbra e Paulo Basta.

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