O impacto das doenças articulares no comprometimento da mobilidade dos idosos da Cidade de São Paulo é tema de pesquisa desenvolvida na FSP/USP
Nos últimos anos temos observado uma mudança na estrutura etária da população brasileira, atualmente cerca de 11% da população brasileira é representada por idosos, número que tende a crescer devido ao avanço da saúde e a melhoria das condições de vida. Esse cenário também modifica o perfil das doenças da população.
O envelhecimento é um processo natural, em que acontece a perda das respostas adaptativas ao ambiente, como por exemplo, a não mais superação de alguns obstáculos para a realização de tarefas simples do dia a dia, criando uma dificuldade para que esse idoso leve uma vida independente. Uma das doenças crônicas que tem esse caráter incapacitante é a doença articular, entre elas, a artrose. Muitos idosos, por considerá-la como uma doença natural em decorrência do avanço da idade, não procuram por assistência médica ou só fazem isso quando as condições de limitações já estão instaladas.
Diante desse cenário a fisioterapeuta e Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Francine Leite, desenvolveu uma pesquisa sob a orientação da professora da Escola de Enfermagem (EE) da USP Dra. Yeda Aparecida de Oliveira, com o tema: “Impacto da doença articular referida na funcionalidade de idosos”.
A pesquisa teve como objetivo avaliar o impacto da doença no comprometimento funcional de idosos moradores da cidade de São Paulo durante o período de 2000 e 2006.
Foram avaliados 336 idosos do município de São de Paulo, entrevistados em 2000 e em 2006, representando 162.913 idosos do município. Nesses seis anos foram observados que 47,8% dos entrevistados tinham algum tipo de dificuldade na mobilidade e que 7,3% tinham dificuldade de realizar atividades diárias.
Observou-se que 30,1% da incidência do comprometimento funcional acontecia devido a doença articular. Mesmo que a doença articular pudesse ser evitada, o comprometimento funcional entre os idosos estudados, seria de 21,5% e não 55,2%, como observado.
Apesar do impacto da doença articular nas questões funcionais dos idosos, a doença articular não foi associada à incidência de comprometimento funcional no estudo, entre os pesquisados.
Para Francine, como a doença articular não pode ser evitada, pois existem fatores genéticos, a prática de atividades físicas pode ajudar essa população a manter a sua mobilidade: “Sabemos que a doença articular não pode ser evitada, mas pode se desenvolver um trabalho com ações de saúde específicas para essa população, com detecção precoce da doença e de comprometimentos, focar em atividades físicas para manter a amplitude de movimento e postergar o comprometimento das atividades de vida diária e tratamento fisioterapêutico quando necessário”.
Para maiores informações e-mail: franleite@usp.br