Além de debater sobre as doenças complexas mais comuns – doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes, transtornos mentais e câncer – o diferencial é que as principais conclusões decorrentes do evento servirão para planejamento das diretrizes de pesquisas futuras para a Universidade, que poderão resultar em novos tratamentos para essas doenças
Nos dias 14 e 15 de março, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Saúde Pública da USP promovem a Conferência USP “From the Complex Etiology of Diseases to Translational Strategies” [Da Etiologia Complexa das Doenças às Estratégias Translacionais], que vai debater o tema Common pathways in the etiology and prevention of non-communicable diseases [Caminhos comuns na etiologia e prevenção das doenças complexas].
Durante a conferência, serão discutidas as estratégias científicas para melhor entender os fatores comuns e os mecanismos da origem das doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes, transtornos mentais e câncer, que são as doenças complexas mais comuns. Na década de 30, a maior causa de morte eram as doenças transmissíveis. Isso mudou nos últimos anos, sendo que as doenças complexas são as principais causas de mortalidade e de ausência ao trabalho. Estudando as causas dessas doenças, percebe-se que elas podem ter fatores de risco em comum, interligados, que fazem com que uma criança com transtornos mentais, por exemplo, tenha mais chances de se tornar obesa na fase adulta.
“O mesmo fator de risco dá origem a certas doenças e isso sugere que é preciso parar de olhar isoladamente e analisar de uma forma sistêmica para reconhecer a origem e saber como lidar com o tratamento, o que permitirá também atuar na prevenção das doenças complexas”, explica um dos coordenadores do evento e professor da Faculdade de Medicina, Eurípedes Constantino Miguel Filho.
Pesquisadores renomados
O evento será realizado no formato de mesas de debate, composta por três palestrantes e um debatedor de diferentes especialidades. Terá a participação de pesquisadores de renomado reconhecimento internacional, da própria USP, de outras universidades do Brasil – como a Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e de outros países.
Entre os palestrantes, destacam-se as participações dos professores da Duke University, Avshalom Caspi e Terrie Moffitt. Caspi vai abordar o que fazer com as descobertas genéticas sobre doenças complexas, quais os próximos passos sobre o assunto, além de fornecer exemplos de sua nova pesquisa sobre tabagismo, obesidade e asma, para mostrar como a genética e os fatores de riscos podem influenciar o desenvolvimento e progressão da saúde ao longo da vida, e identificar potenciais períodos sensíveis para uma intervenção eficaz.
Já a pesquisadora da Newcastle University, Caroline Relton, irá resumir o estado atual do campo da epidemiologia epigenética, discutir os desafios que enfrenta e se aproxima para resolvê-las. Este campo estuda as interações causais entre genes e seus produtos, responsáveis pela produção do fenótipo. O hábito de fumar, que pode alterar a expressão gênica, que reflete e influencia na sua função genética, é um exemplo de como fatores ambientais e da nossa rotina podem influenciar na carga genética que passamos para frente.
O estudioso da International Agency for Research on Cancer, Christopher Wild, vai defender que, em uma escala global, deve ser dada prioridade à prevenção do câncer, a fim de combater a epidemia iminente, sendo a identificação dos fatores de risco uma base para esta prevenção. Para ele, é necessário um esforço conjunto para levar os avanços da ciência básica para a prevenção do câncer e de outras doenças não transmissíveis, com um olhar para reduzir as desigualdades globais em saúde (confira aqui a programação completa do evento).
A expectativa é que os conferencistas possam trazer informações sobre as mais recentes pesquisas em andamento na sua área de expertise, buscando a interface com outras áreas da medicina. Além da importância do tema que será debatido, as doenças complexas, o diferencial desta edição das Conferências USP é que as principais conclusões decorrentes do evento servirão para planejamento das diretrizes de pesquisas futuras para a Universidade, que poderão resultar em novos tratamentos para essas doenças.
“Esta conferência vai trazer à USP um olhar mais interdisciplinar, supraunidades, com o intuito de formular as hipóteses sistemicamente e buscar o resultado não somente em uma doença ou especialidade médica, por exemplo, mas no organismo como um todo”, ressalta o coordenador.
Os interessados podem acompanhar as palestras presencialmente no Teatro da Faculdade de Medicina ou pela internet. Os debates serão ministrados em inglês, sem tradução simultânea, e tem inscrição gratuita pelo site do evento.
O Teatro da Faculdade de Medicina está localizado na Av. Dr. Arnaldo, 455, Cerqueira César, próximo à estação Clínicas do Metrô, em São Paulo.
Mais informações pelo telefone: (11) 2661-7594.
Programa Conferências USP
As atividades deste evento fazem parte do Programa Conferências USP da Pró-Reitoria de Pesquisa, que foi criado em 2011, com o objetivo de fomentar a discussão dos grandes temas e desafios da ciência, da tecnologia e da sociedade no século 21 para além do âmbito acadêmico. As conferências estão agrupadas em dez temáticas diferentes, distribuídas em todas as áreas do conhecimento (ciências da vida, humanas e sociais aplicadas, e exatas e tecnológicas).
Anualmente, são realizadas cerca de dez conferências, além de uma edição especial da Pró-Reitoria de Pesquisa. Em 2012, foram realizadas conferências sobre ciências da terra, identidades, desafios da globalidade, estresse, engenharia, nanotecnologia, doenças cardiovasculares, o vírus influenza, biomassa e produção de biocombustíveis; e duas especiais, uma sobre o mar e outra sobre neurociência.
Neste ano, já foram realizadas duas edições, de 4 a 7 de fevereiro, com o tema Cosmology, Large Scale Structure and First Class Objects, e a segunda, intitulada Desafios da Globalidade: Impasses nos Grandes Regimes Internacionais, nos dias 6 e 7 deste mês. E, a próxima será USP-Paris-Diderot Symposium on Hematology and Immunology, nos dias 9 e 10 de maio.
Saiba mais pelo site do Programa Conferências USP.