Foram divulgados nesta segunda-feira (6/11) os ganhadores da edição de 2006 do Prêmio Capes de Tese. O prêmio, concedido anualmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), tem o objetivo de homenagear as melhores teses de doutorado aprovadas em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) em 38 áreas do conhecimento.
As teses ganhadoras estão disponíveis na íntegra no site da Capes. Do total de trabalhos premiados, 13 são provenientes de universidades e institutos de pesquisa do Estado de São Paulo desses, seis têm ou tiveram bolsas concedidas pela FAPESP.
A solenidade de premiação será na quinta-feira (9/11), às 9h, em Brasília. Os escolhidos receberão diploma, medalha e bolsa de pós-doutorado nacional. Das 38 teses selecionadas, três receberão o Grande Prêmio Capes de Teses, um em cada conjunto de grandes áreas.
O prêmio é bom pelo reconhecimento do trabalho e é um estímulo importante, pois garante uma bolsa de pós-doutorado e possibilita a continuidade da pesquisa, disse à Agência FAPESP o vencedor do Prêmio Capes de Tese na categoria Astronomia/Física, Gustavo Garcia Rigolin.
Rigolin defendeu em 2005, no Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a tese Estados quânticos emaranhados. O objetivo do trabalho, segundo ele, foi explorar uma área promissora da física, que é a teoria quântica da informação.
Procurei estudar como caracterizar e quantificar o emaranhamento quântico o processo pelo qual as propriedades de duas partículas podem ser agrupadas mesmo se estiverem distantes uma da outra, explica. A pesquisa nessa área, segundo ele, tem aplicações como a criptografia quântica já utilizada em alguns bancos na Suíça e na Áustria e no teletransporte de partículas quânticas.
Grandes prêmios
Os ganhadores do Grande Prêmio Capes de Tese foram Cláudio Patrício Ribeiro Júnior, do programa de pós-graduação em engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudio Teodoro de Souza e Maraliz de Castro Vieira, os dois últimos da Unicamp. Os escolhidos receberão diploma, medalha e bolsa de pós-doutorado de um ano no exterior.
Souza foi o vencedor do Grande Prêmio Capes de Tese Carl Peter von Dietrich, que engloba as ciências biológicas, da saúde e agrárias Fiquei emocionado com o prêmio, que vem coroar todo uma história de dedicação à pesquisa que começou quando entrei na graduação em 1994, na Unesp [Universidade Estadual Paulista], e recebi uma bolsa de auxílio ao estudante carente, disse à Agência FAPESP.
A tese de Souza, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Unicamp, descreve a identificação e avaliação das características da proteína PGC-1alfa. A proteína está envolvida tanto com a secreção de insulina quanto na eficiência de sua ação em órgãos como o fígado e tecido adiposo. O trabalho gerou a patente de um possível futuro medicamento para diabetes tipo 2.
A PGC-1alfa pode ser um interessante alvo terapêutico, uma vez que, quando a inibimos, conseguimos ao mesmo tempo modular a secreção de insulina e melhorar a ação do hormônio nos tecidos. Uma droga única que faça isso ainda não existe comercialmente e seria de grande valia, afirmou.
O químico Ribeiro Júnior, da UFRJ, criou um sistema capaz de concentrar o suco de laranja com as menores alterações possíveis para sabor e aroma. A pesquisa lhe rendeu o Grande Prêmio Capes de Tese César Lattes, que compreende as áreas de engenharias, ciências exatas e da terra.
Já entramos com o pedido de patente para o processo. Com o novo método aplicado poderemos ter um diferencial para o suco brasileiro, disse Ribeiro Júnior. Segundo o pesquisador, o sistema pode ser adequado ao suco de outras frutas.
O Grande Prêmio Capes de Tese Florestan Fernandes, que destina-se ao conjunto das grandes áreas de ciências humanas, ciências sociais aplicadas e lingüística, lançou novos olhares para a relação entre história e arte. A partir da obra Tiradentes esquartejado, feita em 1893 por Pedro Américo, a historiadora Maraliz de Castro Vieira, do Programa de Pós-Graduação em História da Unicamp, escreveu o trabalho premiado.
Maraliz estudou a representação que se faz de um fato histórico a partir da arte. A partir da obra analisada, ela levantou questões como a função histórica da arte e a semelhança entre artistas e historiadores. No momento em que o artista pesquisa um fato histórico e o interpreta, ele é um historiador. A tela afirma, discute ou subverte a imagem do herói?, indagou.
Mais informações: www.capes.gov.br.