Estudo internacional analisa perda de saúde global

O grupo de estudo internacional Global Burden of Diseases (Carga Global das Doenças), que tem na equipe o pesquisador da Fiocruz Pernambuco Rafael Moreira, publicou mais um artigo na revista científica britânica The Lancet. Trata-se de uma pesquisa abrangente sobre a perda de saúde global, a partir da análise de dados de 371 doenças e lesões em 204 países e territórios. O grupo verificou informações relativas ao período entre 2010 e 2021, para destacar tendências na carga de doenças ao longo da última década e durante os primeiros dois anos da pandemia de Covid-19(2020 e 2021).

A partir do cruzamento das informações, foi possível relatar prevalência, incidência, anos vividos com incapacidade (quantificando a perda de saúde não fatal), anos de vida perdidos (quantificando a perda de saúde fatal), anos de vida ajustados por incapacidade (quantificando ambos os anos perdidos para mortalidade prematura e anos vividos com incapacidade) e esperança de vida saudável (quantificação dos anos de vida esperados vividos com boa saúde). A análise traz estratificação por idade, sexo, localização e grupos sociodemográficos.

“A nível global, neste estudo descobrimos que a carga das doenças e lesões mudou em 2021 em comparação com anos anteriores, com a Covid-19 a impor perdas adicionais de saúde como a principal causa da carga em 2021. Doenças neonatais, doenças cardíacas isquêmicas e o AVC continuam entre as principais causas de DALYs [anos perdidos para mortalidade prematura e anos vividos com incapacidade] a nível mundial em 2021, tal como em todos os anos da década anterior. Estas conclusões destacam a importância de continuar a dar prioridade às políticas de prevenção e tratamento de doenças não transmissíveis, juntamente com melhorias nos sistemas de saúde e a vacinação contínua contra a Covid-19 e outros esforços de prevenção da transmissão”, pontua o estudo.

De acordo com o artigo, as estimativas geradas “permitirão a identificação atualizada das disparidades de saúde dentro e entre as populações, permitindo avaliar como estas mudaram ao longo do tempo, quantificar os ganhos em saúde e, por sua vez, identificar políticas ou intervenções que apresentem as oportunidades mais promissoras de impacto na era pós-Covid-19”.