Delegação africana e Agência Brasileira de Cooperação visitam Fiocruz para discutir parcerias

A experiência da Fiocruz na utilização de dados e informações para a formulação de políticas de saúde motivou uma visita de dois dias da delegação da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Nepad) na segunda e terça-feiras (28 e 29/2). Acompanhado por integrantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério de Relações Exteriores, o grupo conheceu um pouco mais sobre a Fundação, da pesquisa de fármacos à produção de vacinas, passando pela educação. Houve ainda espaço para aproximações bilaterais, com o surgimento de novas propostas.

A visita faz parte de um acordo tripartite entre Brasil, o Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO) do Reino Unido e a Agência de Desenvolvimento da União Africana (Auda) para um projeto-piloto de produção e uso de dados demográficos. Na primeira fase, o pesquisador Rômulo Paes, do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), e o assessor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) para a África, Augusto Paulo Silva, participaram a convite da ABC como consultores, apresentando um pouco do Brasil e da experiência da Fundação, como o Observatório Covid-19.

Após essa primeira fase de prospecção, a delegação da Nepad, um programa de desenvolvimento da União Africana, veio ao Brasil conhecer melhor a Fiocruz e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir dessas visitas deverão elaborar uma proposta de trabalho.

“A primeira fase teve uma participação forte do Reino Unido, com uma assistência técnica nossa pontual. Agora, nesta segunda fase, vai se estruturar o projeto, com uma atividade de fôlego do Brasil, que deverá incluir a Fiocruz e o IBGE”, explicou o coordenador-geral de Cooperação Técnica e Parcerias com Países Desenvolvidos (CGTP) da ABC, Wofsi Yuri de Souza.

Na reunião no Centro Administrativo Vinicius Fonseca, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), as perguntas foram muitas sobre a ampla atuação da Fiocruz, como em atendimento básico, formação profissional, pesquisa e resposta a demandas do Ministério da Saúde. Modelos de cooperação internacional também foram abordados.

“Eles estão muito interessados em melhorar seus dados em saúde e em desenvolver tecnologia para usá-los na elaboração de políticas públicas. Temos diversas competências que podem ajudá-los, como apoio na formação de recursos humanos, transferência de método no uso de dados e assessoria em políticas públicas”, comentou Rômulo Paes. “Vai depender do que eles vão requerer”.

A ideia é que a missão da Nepad – composta por representantes de África do Sul, Cabo Verde, Essuatíni (ex-Suazilândia), Moçambique e Senegal – deixe o Brasil com uma proposta delineada para a segunda fase. A primeira contou com um envolvimento maior de Moçambique e Cabo Verde. A segunda deverá tratar mais do fortalecimento das capacidades técnicas e institucionais na área de estatísticas públicas e dados demográficos em África do Sul, Moçambique, Essuatíni e Seychelles, com a contribuição técnica de Cabo Verde e Senegal, associada à colaboração brasileira e à parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa).

“A primeira fase nos deu a chance de conversar com muitas instituições e olhar áreas de colaboração. Ela fase abrangeu um curto período de tempo. Para a segunda fase, estamos buscando uma duração mais longa. Então precisamos falar com muitas instituições, conhecer o ambiente brasileiro e áreas específicas de colaboração”, contou o chefe da delegação e diretor de Programa Sênior da Divisão de Avaliação, Gestão de Conhecimento e Avaliação de Programas do Nepad África do Sul, Gideon Nimake.

Além da reunião em Bio-Manguinhos, na segunda-feira, o grupo retornou na terça para visitar o Castelo Mourisco, a Cavalariça e para um novo encontro no Cris. Dos dois dias de conversas saíram propostas de novos acordos bilaterais com Moçambique, a publicação de artigos conjuntos, a realização de um seminário e a participação da Fiocruz numa conferência na África do Sul no final deste semestre.

Participaram ainda das reuniões, pela Fiocruz, o assessor de Relações Institucionais da Presidência, Valber Frutuoso, o coordenador-adjunto do Cris, Pedro Burger, a coordenadora-geral de Educação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Cristina Guilam, e a assessora do Cris Erika Kastrup. A Nepad foi representada pelo diretor do Departamento de Estatística Demográfica e Social do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, Adilson de Jesus Martins da Silva, pela diretora nacional de Bolsas de Moçambique, Carla Maria Elias Caomba, por Fasil Teka Birega, funcionário de Finanças da Direção de Operações do Nepad África do Sul, pela coordenadora do Centro de Pesquisa dos Brics, África do Sul, Funeka Ncumisa Yazini Nobantu April, pelo diretor de Programa de Ciência e Tecnologia e Líder de Projeto ASTII do Nepad Congo Lukovi Seke, pelo diretor de Estratégias de Pesquisa e Planejamento do Ministério do Ensino Superior, Pesquisa e Inovação do Senegal,  Mamadou Sy, pelo chefe do Departamento de Estatística do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique, Maximiano Dgedge, pela secretária Permanente do Ministério de Ciência, Tecnologia e Educação Superior de Moçambique, Nilsa Sandra Miquidade, e pela coordenadora de Policy Bridge Tank (que reforça a colaboração entre os think tanks e tomadores de decisões), Pamla Gopaul. A vice-diretora do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique, Rachida Aligy Ussen Mamade, representou a Auda. Pela ABC, além de Wofsi Yuri de Souza, estiveram presentes o gerente da Coordenação-Geral de Cooperação Técnica Trilateral com Organismos Internacionais, Plinio de Assis Pereira Junior, e o gerente da Cooperação Técnica e Parcerias com Países Desenvolvidos, André Luiz Galvão.