A Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanha a vigilância epidemiológica da varíola dos macacos desde maio. Mais de mil casos confirmados da doença foram relatados à OMS em 29 países que não são considerados endêmicos para o vírus. Até o momento, nenhuma morte foi registrada nesses países.
As informações foram atualizadas pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em anúncio à imprensa nesta quarta-feira (8).
“Os casos foram relatados principalmente, mas não apenas, entre homens que fazem sexo com homens. Alguns países estão começando a relatar casos de transmissão comunitária aparente, incluindo alguns casos em mulheres”, disse Adhanom.
O diretor-geral da OMS afirmou que o aparecimento repentino e inesperado da doença em vários países não endêmicos sugere que pode ter havido transmissão não detectada por algum tempo.
“O risco da varíola dos macacos se estabelecer em países não endêmicos é real. A OMS está particularmente preocupada com os riscos desse vírus para grupos vulneráveis, incluindo crianças e mulheres grávidas”, disse.
A OMS alerta que o cenário pode ser evitado, desde que os países afetados empenhem esforços para identificar todos os casos e contatos para controlar os surtos.
“Para apoiar os países, a OMS emitiu orientações sobre vigilância da varíola dos macacos e rastreamento de contatos, testes de laboratório e diagnóstico. Nos próximos dias, emitiremos orientações sobre cuidados clínicos, prevenção e controle de infecções, vacinação e mais orientações sobre proteção da comunidade”, afirmou Adhanom.
A OMS atua em parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), organizações da sociedade civil e comunidades de homens que fazem sexo com homens para fornecer informações sobre o que é a doença e como prevenir.
“Existem maneiras eficazes para as pessoas protegerem a si mesmas e aos outros – pessoas com sintomas de varíola dos macacos devem se isolar em casa e consultar um profissional de saúde. Aqueles que compartilham uma casa com uma pessoa infectada devem evitar contato próximo”, disse o diretor-geral.
OMS não recomenda vacinação em massa
Adhanom afirmou que existem antivirais e vacinas aprovados para a varíola dos macacos, mas que a oferta é limitada. A OMS está desenvolvendo um mecanismo de coordenação para a distribuição de suprimentos com base nas necessidades de saúde pública.
“A OMS não recomenda a vacinação em massa contra a varíola. Nos poucos lugares onde as vacinas estão disponíveis, elas estão sendo usadas para proteger aqueles que podem ser expostos, como trabalhadores de saúde e pessoal de laboratório“, disse Adhanom.
De acordo com o diretor-geral da OMS, a vacinação pós-exposição deve ser feita preferencialmente dentro de quatro dias após a exposição, pode ser considerada por países para contatos próximos de maior risco, como parceiros sexuais, familiares na mesma casa e profissionais de saúde.
Impactos para a África
Para Adhanom, o espalhamento da doença para países não endêmicos é visto como preocupante. No entanto, o diretor da OMS chamou atenção para os impactos do vírus na África.
“É claramente preocupante que a varíola dos macacos esteja se espalhando em países onde nunca foi vista antes. Ao mesmo tempo, devemos lembrar que até agora este ano houve mais de 1.400 casos suspeitos de varíola dos macacos na África e 66 mortes”.
“Este vírus está circulando e matando na África há décadas. É um reflexo infeliz do mundo em que vivemos que a comunidade internacional só agora está prestando atenção à varíola dos macacos porque apareceu em países de alta renda”, completou.