Há menos de cinco meses no cargo, o novo embaixador do Equador no Brasil, Carlos Alberto Velástegui, visitou na última sexta-feira (18/2) a Fiocruz para estreitar os laços entre o seu país e a Fundação. Acompanhado pelo cônsul Marco Larrea, ele foi recebido pela presidente Nísia Trindade Lima e se mostrou interessado em levantar áreas para possível cooperação com instituições equatorianas, assim como em saber mais sobre a produção de vacinas contra Covid-19 e outras doenças.
O embaixador Velástegui já havia estado na Fiocruz em 1997, quando era cônsul no Rio de Janeiro. Agora no novo cargo, está visitando instituições onde possa encontrar possibilidades de parceria durante sua gestão, e uma dessas áreas é a saúde.
“Conheço o trabalho de vocês e a cooperação que temos com a Fiocruz, num relacionamento longo e histórico. Os desafios que temos hoje não se limitam à pandemia. A saúde é uma parte fundamental da atenção à população. Desejamos conhecer um pouco mais sobre as suas inovações e como o Equador pode ser parte dessa cooperação. E cooperação não significa somente aquisição da vacina, mas também conhecimento”, disse Velástegui, que levantou a possibilidade de uma videoconferência com profissionais da saúde de seu país para explorar melhor o assunto.
Doação de vacinas
Além da possibilidade de doação de vacinas produzidas pela instituição, também discutiu-se a chance de aumento da parceria com instituições equatorianas por meio de acordos bilaterais e das redes estabelecidas na América Latina – como já acontece com o treinamento de profissionais por meio da Rede de Institutos Nacionais de Saúde e da Rede de Escolas Técnicas de Saúde.
“Essa visita ocorre num momento especial para nós, em que nos preparamos para entregar ao Ministério da Saúde o primeiro lote da vacina contra Covid 100% produzida aqui, em Manguinhos, com a incorporação da tecnologia da vacina Oxford/AstraZeneca. É um momento especial para nós e esperamos também que seja um momento de aumento da cooperação internacional”, disse a presidente da Fiocruz.
Os dois lados destacaram a importância da diplomacia da saúde, um campo que ficou mais evidente com a pandemia de Covid-19, a necessidade de fortalecer as cadeias produtivas na América Latina para reduzir a dependência externa e de fomentar a ajuda mútua.
“A pandemia é uma época em que a humanidade precisa se unir. O Equador tem necessidade de mais vacinas, e precisamos encontrar caminhos para ajudar nossos povos”, disse Marco Larrea, cônsul em São Paulo, que hoje responde também pelo Rio de Janeiro.
Coube ao vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, fazer uma apresentação sobre a Fundação, mostrando que sua atuação vai da pesquisa básica à produção, no que abrange todas as áreas do que definiu como o ecossistema da saúde. “Está no nosso DNA o uso da ciência em benefício da sociedade”, disse. Krieger destacou não só o processo em tempo recorde de desenvolvimento da vacina contra Covid-19 e de produção de kits de testes, assim como a vigilância genômica – um campo em que Nísia espera que a cooperação com outros países do continente cresça.
Mauricio Zuma, diretor geral de Bio-Manguinhos, lembrou a participação de profissionais equatorianos em cursos na década de 1990 que eram sediados na Fiocruz, além de destacar a parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “Hoje exportamos a vacina contra a febre amarela, contra meningite. E estamos trabalhando em outros produtos”, disse.
Pedro Burger, coordenador Adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), destacou os campos de cooperação entre a Fundação e instituições equatorianas, além de se prontificar para atuar no estreitamento dos laços.
“A cooperação no campo de conhecimento e compartilhamento é uma preocupação nossa. Estamos com um mandato da Organização Mundial de Saúde para ser um hub da vacina de mRNA na América Latina, e esse conhecimento vai ser compartilhado”, disse Nísia.
Participou ainda do encontro Valber Frutuoso, assessor do Gabinete da Presidência para Relações Institucionais.