A Fiocruz recebeu, nesta segunda-feira (17/5), a visita do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos presidentes das federações das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. Os dois líderes da indústria se colocaram à disposição para contribuir no enfrentamento à pandemia e fizeram um reconhecimento da atuação da Fundação, parabenizando a instituição por seus esforços em contribuir decisivamente para o Brasil superar a grave crise sanitária e social que enfrenta devido à Covid-19, em especial na produção da vacina contra o novo coronavírus, entre outras ações que a Fiocruz vem desenvolvendo.
Paulo Skaf, que esteve na Fiocruz pela primeira vez por iniciativa do ministro da Saúde, afirmou que “conhecer as instalações da Fundação foi um privilégio e uma honra, por tudo o que a Fiocruz fez, faz e ainda fará pelo país. Esta instituição é um orgulho para o Brasil”. Ele lembrou que há uma falta de IFA em todo o mundo e disse que está pronto para ajudar a instituição a obter um volume maior de insumos para a fabricação da vacina contra a Covid-19, por meio de contatos internacionais. “Sim, porque com os insumos em mãos, o resto a Fiocruz sabe como fazer”.
O presidente da Fiesp afirmou que pôr toda essa estrutura em movimento é como azeitar uma orquestra. “Mas a Fiocruz, com competência, talento, qualidade e criatividade, tem superado os desafios, mesmo sem ter, na largada, os equipamentos ideais. A Fiocruz conseguiu acertar sua produção e tem feito um bom trabalho”.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, seguindo a mesma linha de Skaf, afirmou que o setor privado também poderá apoiar o enfrentamento à pandemia, por meio de seus contatos, caso seja necessário. Vieira é membro do Conselho Superior da Fiocruz.
No encontro, o ministro Queiroga pediu que os empresários ajudem em relação às medidas não-farmacológicas, com o oferecimento de máscaras e equipamentos de proteção que permitam à população, em especial os mais pobres, se protegerem corretamente, no trabalho, no transporte público e em todos os ambientes.
O secretário-executivo-adjunto do Ministério da Economia (ME), Miguel Ragone, disse que as dificuldades nacionais continuam presentes na vida nacional, agora acrescidas dos problemas trazidos pela pandemia. Segundo Ragone, “o Brasil é um exemplo de como a crise prejudica os mais vulneráveis, tornando o combate às desigualdades ainda mais complicado”, aponta o secretário.
Ragone participou de quase todas as 190 reuniões do Comitê de Crise da Pandemia do governo federal e acrescentou que a Secretaria-Executiva do ME também conta com um comitê sobre a questão, formado por 11 pessoas e que atua 24 horas, sete dias por semana. Ao fim, ele parabenizou a Fiocruz por todos os esforços que a instituição tem feito e também pelas entregas que tem realizado. E lembrou que o Ministério tem dado o suporte necessário para a construção do futuro complexo biotecnológico da Fiocruz em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A reunião de trabalho foi aberta pela presidente da Fiocruz, que fez uma apresentação sobre a origem da Fundação como uma instituição que no início do século 20 contribuiu decisivamente para o Brasil enfrentar as epidemias de varíola, febre amarela e peste bubônica e que teve papel fundamental na formulação das visões de nação e de Estado. Ela também comentou a atuação da Fiocruz nos dez estados brasileiros nos quais têm unidades e a articulação estratégica da instituição em todos os níveis do SUS e destacou as parcerias internacionais.
Em seguida, Nísia ressaltou os seis principais eixos das iniciativas da Fiocruz frente à pandemia: apoio ao diagnóstico; atenção à saúde; ciência, tecnologia e inovação; informação e comunicação; apoio às populações vulnerabilizadas; e educação. A presidente também apresentou as ações em destaque no enfrentamento da pandemia em 2021, com destaque para a produção estimada de 210,4 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, o desenvolvimento, a fabricação e a distribuição de kits diagnósticos (RT-PCR, sorológicos e teste de antígenos), a construção da segunda maior UTI dedicada à Covid-19 no país, a criação da Rede Genômica para detecção de variantes do novo coronavírus, os estudos de efetividade da vacina e a formação de recursos humanos, com a capacitação de 371 mil profissionais de saúde.
A presidente abordou ainda o Complexo Econômico e Industrial da Saúde (Ceis), que gera 9% do PIB brasileiro, emprega cerca de 10% da população trabalhadora, é responsável por 30% dos investimentos nacionais em pesquisa e desenvolvimento e tem alto potencial para estimular a economia, já que é uma área-chave para a chamada Quarta Revolução Industrial. Do Ceis saem medicamentos, insumos farmacêuticos ativos, vacinas, hemoderivados, reagentes para diagnósticos, equipamentos mecânicos e eletroeletrônicos, próteses e órteses e dispositivos de diagnóstico. “Para países que já dispõem de capacidade produtiva e tecnológica abre-se uma rápida janela de oportunidade. O tamanho do mercado nacional e a base produtiva prévia tornam o Brasil um candidato dos movimentos globais para o estabelecimento de parcerias tecnológicas, inclusive no processo de inovação”, observou Nísia.
Ela sublinhou ainda a questão das assimetrias globais na saúde, ainda mais evidenciadas na pandemia. “Os países de renda alta têm 16% da população mundial e contam com 54% das doses de vacinas contra a Covid-19”.
Nísia chamou a atenção dos presentes para o Programa Inova Fiocruz, cujo foco é a transferência do conhecimento gerado na instituição para a sociedade. Com o apoio do Ministério da Saúde, entre 2018 e 2020 foram investidos R$ 85,5 milhões em fomento, com 474 projetos aprovados em 32 áreas de pesquisa e 1.558 parceiros externos.
Por fim, ela apresentou os desafios para o futuro, como o reforço e a modernização das estruturas de vigilância em saúde, a integração de ações para saúde pública de precisão (Big Data), o investimento em terapias gênicas, celulares e do sistema imune e a diversificação e ampliação do acesso aos produtos da Fiocruz. “Neste último caso estão a plataforma de vacinas sintéticas, incluindo a de Covid-19 (pré-clínica), e o Centro de Biotecnologia em Saúde, que deve entrar em operação em 2025”.
Também estiveram presentes ao encontro, pelo Ministério da Saúde, a nova secretária de Enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo, e o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Sergio Okane, e o superintende do órgão no Rio de Janeiro, George da Silva Divério. Pelo Ministério da Economia, o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura, Gustavo Ene, e o secretário Especial de Produtividade, Carlos Alexandre Costa. Pela Fiocruz também participaram o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Moreira, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger, o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Maurício Zuma, a diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Valdiléa Veloso, e o chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz, Juliano Lima. Os visitantes conheceram a planta de produção da vacina Covid-19 Fiocruz, em Bio-Manguinhos.