A jovem que teve o couro cabeludo e parte da pele arrancados num acidente de kart apresentou novos microtrombos, que são pequenas obstruções nas veias, na área da cirurgia de reimplante. Isso aumentou a possibilidade de perda do que foi reimplantado. Outros procedimentos são analisados pelos médicos, segundo o boletim do Hospital da Restauração (HR) nesta sexta-feira (16).
Débora Stefanny Dantas de Oliveira, de 19 anos, estava com o namorado na pista de kart em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, no domingo (11), quando o cabelo se soltou da touca e prendeu no motor. A pele desde a altura dos olhos até a nuca da vítima foi arrancada. Segundo o tio dela, Douglas Nascimento, era a primeira vez que Débora corria de kart.
A jovem foi socorrida pelo namorado, o microempresário Eduardo Tumajan, para o HR. Eduardo disse que pegou “o rosto dela na mão”, colocou em uma sacola e correu para levá-la ao hospital. O reimplante foi feito no atendimento de emergência. Os médicos conseguiram recuperar e reimplantar 80% da área atingida.
Após o reimplante, Débora passou por outra cirurgia para a retirada de trombos que surgiram na área do procedimento e, desde então, está internada na UTI.
A notícia sobre os microtrombos e a possibilidade um novo procedimento cirúrgico foi informada aos dois na quinta-feira (15). Segundo Eduardo, Débora está otimista e, como sonha ser médica, diz que o acidente fortaleceu ainda mais o desejo.
No boletim desta sexta, a equipe médica explicou que pode realizar enxertos no couro cabeludo da jovem com peles de outras regiões do corpo da paciente, como tinha sido dito a Eduardo. Qualquer intervenção deve ser feita de maneira planejada, apontaram os médicos.
O namorado de Débora informou que pretende levá-la para tratamento nos Estados Unidos. O hospital informou que soube da intenção da família de transferi-la e apontou que, caso isso ocorra, a paciente contará com o apoio da equipe médica do HR.
Segundo o namorado, Débora precisou ser forte desde muito cedo. Nascida em 29 de fevereiro de 2000, ela foi criada pelos avós, que morreram quando ela ainda era menor de idade. A avó dela faleceu quando a jovem tinha 17 anos. Desde então, ela passou a morar com uma amiga.
Mesmo com as dificuldades, ela foi aprovada no vestibular em administração, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Débora não chegou a finalizar a graduação, porque o sonho de sua vida era a medicina.
Atualmente, a jovem trabalha como professora de inglês num curso localizado no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. No local, ela é chamada de “Tia Rapunzel”, por causa dos longos cabelos.
Internada na UTI, Débora se mantém consciente de seu próprio estado de saúde e tem fé no tratamento. Ela mora no bairro do Engenho do Meio, na Zona Oeste do Recife, com três gatos. Segundo Eduardo, os mascotes são uma prioridade na vida da jovem, mesmo depois do acidente.
O acidente aconteceu na pista de corrida de kart localizada no estacionamento do Walmart, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A pista, que foi interditada pelo Procon na segunda (12), passou por perícia do Instituto de Criminalística na terça (13).