Campanha incentiva doação de dentes de leite para pesquisa

Dentes, sejam eles de leite, permanentes, restaurados, sadios ou até mesmo cariados, são muito valiosos e podem ser doados para ensino e estudos científicos. A Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), que já tem um banco de dentes, quer aumentar o número de doações com a campanha O Endereço da Fada do Dente, lançada recentemente para atender o Brasil todo.

A ideia é estimular o comportamento em relação aos dentes de leite, criando uma cultura de doação desde cedo nas crianças. Jogar o dente no telhado, deixá-lo debaixo do travesseiro para a fada recolhê-lo não deve ser mais opção: os dentes, que são órgãos, devem ser doados. E agora o endereço da fada, antes um segredo bem guardado, está revelado. “É simples, fácil e de graça”, destaca a campanha.

Apesar de a campanha da FOUSP ser voltada às crianças, no banco não há apenas dentes de leite. “Nós necessitamos também de dentes permanentes. Eles são relativamente mais difíceis de obter, porque ficamos na dependência de um fracasso na odontologia para que se extraia um dente e se possa usá-lo”, explica José Carlos Imparato, coordenador do BioBanco de Dentes da FOUSP, em entrevista à GALILEU.

O pesquisador conta que, devido à falta de doações ou ainda à ausência de bancos especializados, as faculdades recorrem a dentes artificiais para os estudos. “Para a pesquisa isso é muito complicado, pois se precisa de um dente com a estrutura exata que ele tem. Mas existem pesquisas com dentes de animais, especialmente com dentes de bovinos”, afirmou.

Segundo Imparato, os dentes do siso, que são extraídos pela maioria das pessoas, são os permanentes mais recebidos no banco da FOUSP. Quando as doações chegam, eles são armazenados em água em geladeiras. Depois, são avaliados para saber como podem ser aproveitados.

“As pessoas acham que um dente restaurado ou um dente cariado não serve para a gente, mas para nós todos servem: nós podemos fazer capacitação e pesquisa com dentes cariados para se saber como melhor se remove o tecido cariado. Hoje já não se remove mais esse tecido como se removia antigamente”, explica o pesquisador, que acrescenta que outra linha de estudos com as doações está voltada às células-tronco.

Independentemente do tempo, mesmo se estão guardados há anos, os dentes também podem ser doados para a avaliação, segundo Imparato. Mas, se o dente é recente — por exemplo, um dente de leite que acabou de cair da boca de uma criança enquanto brincava em casa —, a recomendação é lavá-lo com água e sabão antes de entregá-lo para doação.

Para se inscrever para doar, basta acessar o site www.enderecodafadadodente.com.br e preencher um formulário. Após o cadastro, os futuros doadores recebem em casa uma carta-envelope, já selada (ou seja, não há custo para o envio), pronta para a doação dos dentes. A própria carta contém um termo de autorização obrigatório, que deve ser assinado por um adulto responsável.

Para incentivar os pequenos, o site da campanha tem ainda à disposição um livro ilustrado com uma historinha que explica todo o processo e a sua importância para a ciência. O download é gratuito.

Conheça outros bancos de dentes pelo Brasil:

Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) (SP)

Rua José Bonifácio, 1.193 — Vila Mendonça, CEP: 16015-050, em Araçatuba/SP.
Telefone: (18) 3636-3200

Banco de Dentes Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)

Telefone: (32) 2102-3871
E-mail: bancodedentes.odonto@ufjf.edu.br

Banco de Dentes Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) (BA)

Avenida Transnordestina, S/N – bairro: Novo Horizonte  CEP: 44.036-900 – Feira de Santana- Bahia
Telefone: (75) 3161-8424

Universidade Federal de Santa Maria (RS)
R. Floriano Peixoto, 1.184 – sl. 114 – Santa Maria – RS – CEP 97015-372 – A/C Banco de Dentes
Telefone: (55) 3220-9268