A Terapia Assistida por Animais, conhecida como Pet Terapia, é um tratamento auxiliar para diversos tipos de doenças
A Terapia Assistida por Animais (TAA), popularmente conhecida como Pet Terapia, é um tratamento auxiliar para diversos tipos de doenças e comprovadamente desencadeadora de “bem-estar, saúde emocional, física, social e cognitiva” em pacientes psiquiátricos, hospitalizados e idosos moradores em instituições. Nesse tratamento, o animal é “o principal agente da terapia, que funciona como ponte de ligação entre o tratamento e o paciente”, afirmam os autores de artigo recém-publicado na Revista de Medicina. O artigo é resultado de um estudo realizado em uma casa de repouso em Vila Velha, no Espírito Santo, com 25 idosos hipertensos, no intuito de avaliar a influência dessa terapia na pressão arterial dos mesmos, no período imediato “às alterações físicas, cognitivas, doenças agudas ou crônicas, perda do cônjuge ou filho, perda de apoios sociais, pobreza, gerando dependência na realização das atividades da vida diária e locomoção”.
A Pet Terapia é uma técnica terapêutica que conta com os animais como apoio para o tratamento de pessoas portadoras de problemas de saúde, “estimulando tanto o aspecto físico quanto o emocional, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas e acelerar os processos de recuperação”, afirmam os autores. Essa terapia é indicada, sobretudo, como alternativa que dispensa medicamentos para a hipertensão, doença comum nos idosos, responsável por grande parte de óbitos no mundo. Os animais, de acordo com esse estudo, mostram-se verdadeiros antídotos contra o estresse e a ansiedade, fatores que muito contribuem para o surgimento das doenças cardiovasculares.
O tratamento aposta no estímulo sensorial do tato para despertar a autoestima e a sensibilidade, na relação integradora das pessoas com os animais, seja falando com eles, seja tocando-os – é assim que a ansiedade, a frequência cardíaca e a pressão arterial diminuem. Os cachorros e os cavalos são os campeões quando o assunto é terapia com bichos para beneficiar seres humanos, segundo os autores, pois é “remédio” eficaz que auxilia na demência senil, no mal de Alzheimer, na esquizofrenia, na reabilitação de idosos, no tratamento para transtornos psicossociais, para crianças e adultos hospitalizados, e também na redução do colesterol, pressão sanguínea e estresse.
A pesquisa comportou sessões de TAA semanais, com duração de uma hora, durante quatro meses, e mostrou resultados bem positivos na amenização dos sentimentos de inutilidade, de incapacidade, da dor e da solidão que acometem, em geral, os idosos. Os autores citam outros estudos nos quais a terapia com animais aliou-se a atividades físicas como caminhadas e passeios, gerando benefícios físicos e emocionais, momentos de relaxamento e alegria, em uma integração de corpo e alma com os animais, o que propicia a redução da pressão arterial.
“A sensação de felicidade com a chegada dos animais era evidente com a presença de sorrisos notados em cada idoso. As sessões de TAA promoveram momentos de tranquilidade e descontração entre os idosos e toda a equipe de saúde participante.” A intenção dos autores, tendo em vista a comprovação dos benefícios da terapia, é abrir “a expectativa para a realização de outros semelhantes envolvendo um número maior de pacientes”, já que as pesquisas nessa área são poucas, para que se avalie a influência da TAA tanto na pressão arterial quanto “em outros fatores fisiológicos, como a função endócrina e sobre o alívio do estresse”.
O trabalho foi apresentado na 22ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde.
Fernanda de Toledo Vieira é médica veterinária, mestre pela UFV, coordenadora do Projeto Bicho Solidário e docente da Universidade Vila Velha.
VIEIRA, Fernanda de Toledo et al. Terapia assistida por animais e sua influência nos níveis de pressão arterial de idosos institucionalizados. Revista de Medicina, São Paulo, v. 95, n. 3, p. 122-127, dez. 2016. ISSN: 1679-9836. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/111963. Acesso em: 02 jan. 2017.
Margareth Artur / Portal de Revistas da USP