Neste ano, o Programa de Fonoterapia Intensiva recebeu pesquisadores da maior instituição norte-americana na área
No último dia 23 de março, foi concluída mais uma edição do Programa de Fonoterapia Intensiva (PFI), uma parceria entre o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) e a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.
O programa atende pacientes do Centrinho provenientes de vários Estados do Brasil que têm dificuldade de obter acesso à terapia de fala ou acesso qualificado de terapia em suas cidades de origem. Eles são submetidos a uma média de 40 terapias num período de três semanas, de segunda-feira a sábado, com a supervisão geral das professoras responsáveis Maria Inês Pegoraro-Krook e Jeniffer Dutka, ambas do Departamento de Fonoaudiologia da FOB e e do Programa de Pós-Graduação do hospital.
A edição 2017 contou com 14 pacientes, crianças e adultos de nove Estados de todas as regiões do País: Rondônia, Piauí, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Eles permaneceram em Bauru de 6 a 23 de março.
As terapias ocorrem na Clínica de Fonoaudiologia da FOB e os atendimentos dos pacientes pelas áreas de Serviço Social e Prótese de Palato são realizados no Centrinho. Durante o período do programa, são feitas várias reuniões com todo o grupo envolvido – alunos, professores, profissionais e coordenadores –, para discutir as técnicas utilizadas e a evolução do tratamento dos pacientes. São cerca de 60 pessoas envolvidas, entre docentes, discentes, residentes, profissionais e pessoal de apoio.
Ao término, os pacientes são encaminhados para dar continuidade ao tratamento com fonoaudiólogos de suas cidades de origem, os quais recebem orientação da equipe da USP a distancia, por meio de recursos de telessaúde.
Um verdadeiro laboratório de estudo
Neste ano, participaram da iniciativa estudantes de graduação e de pós-graduação em Fonoaudiologia da FOB, além de alunos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Centrinho. Também estiveram presentes os fonoaudiólogos e dentistas do serviço de Prótese de Palato e profissionais do Serviço Social do hospital.
“O PFI se tornou um grande laboratório de estudo e desenvolvimento de métodos de diagnóstico e tratamento mais eficazes e rápidos das alterações de fala decorrentes das fissuras labiopalatinas e das disfunções velofaríngeas”, afirma a professora Maria Inês Pegoraro-Krook. “Resultados inéditos decorrentes de pesquisas e inovações realizadas por alunos da graduação e da pós-graduação têm sido empregados na prática clínica não somente por profissionais da fonoaudiologia que trabalham no HRAC como por fonoaudiólogos de outras regiões do País”, destaca.
Montamos uma verdadeira força-tarefa em prol do ensino de qualidade, da pesquisa e, principalmente, de um tratamento fonoaudiológico inédito e inovador.
Para a professora, além dos pacientes poderem receber um tratamento de fala de alto nível, o ensino integrando alunos de graduação e pós-graduação e residentes proporciona uma possibilidade inédita: gerar pesquisas e preparar os futuros profissionais da área da saúde para atender pacientes com anomalias craniofaciais, especialmente via Sistema Único de Saúde (SUS).
“Preparamos a infraestrutura necessária para que os pacientes possam fazer não somente as terapias, mas também ser submetidos a todo o processo de avaliação clínica e instrumental, e à intervenção das áreas correlatas durante sua permanência em Bauru. Montamos uma verdadeira força-tarefa em prol do ensino de qualidade, da pesquisa e, principalmente, de um tratamento fonoaudiológico inédito e inovador, envolvendo parceria entre FOB e HRAC”, finaliza Maria Inês.
Projeção internacional
Esta edição contou com um diferencial, a visita de pesquisadores dos Estados Unidos para conhecerem de perto o programa. Participaram das atividades cinco pós-graduandos da Universidade Central da Flórida (UCF) e sete alunos de graduação da Universidade do Sul da Flórida (USF), por meio de parcerias científicas entre a USP e as instituições norte-americanas. As visitas tiveram a supervisão das professoras Maria Inês e Jeniffer, do campus bauruense.
“A internacionalização envolve bilateridade, envolve colaboração, então a gente pesquisa junto, ensina junto e aprende junto”, completa a outra coordenadora do programa, professora Jeniffer Dutka, que foi docente por quatro anos na UCF.
A professora norte-americana Linda I. Rosa-Lugo, que supervisionou a visita das pós-graduandas a Bauru, destaca o fortalecimento do aprendizado e das pesquisas na área. Como um dos exemplos, destaca a chamada Casa da Afasia, “local onde são tratadas pessoas com problemas de fala, de linguagem, relacionados a distúrbios neurológicos, principalmente originados por AVC”, informa.
Leia mais na reportagem Casa da Afasia propõe nova terapia fonoaudiológica para vítimas de AVC
A Casa da Afasia é um dos resultados da parceria entre a FOB e a Universidade Central da Flórida, onde a pesquisadora norte-americana Janet Whiteside já vem trabalhando. A professora Magali de Lourdes Caldana está à frente da implementação do método no Brasil.
Com informações da Assessoria de Imprensa do Centrinho