O Índice de Confiabilidade para o Trabalho é um instrumento utilizado nos serviços de saúde, junto com exames clínicos de saúde, como um dos métodos de avaliação do próprio trabalhador ou trabalhadora sobre sua capacidade para o trabalho. O trabalho desenvolvido por pesquisadores da ENSP e do IOC, ambas unidades da Fiocruz, buscou analisar a validade e confiabilidade da versão brasileira do ICT a partir dos trabalhadores da área de enfermagem. Entre os resultados, ficou comprovado que o Índice apresentou propriedades psicométricas adequadas e que o mesmo dá suporte adicional para pesquisas na área de saúde ocupacional.
Publicado no volume 27, número 6, da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP, o artigo Validade e confiabilidade do índice de capacidade para o trabalho (ICT) em trabalhadores de enfermagem é resultado da dissertação de mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP de Sérgio Henrique Almeida da Silva Junior, que agora cursa doutorado no mesmo programa, e que teve como orientadoras as pesquisadoras Ana Glória Godoi Vasconcelos (ENSP) e Rosane Harter Griep (IOC) e conta ainda com a participação de Lúcia Rotenberg (IOC).
Segundo Sergio Henrique, ‘o ICT Ele foi desenvolvido para mensurar o quão bem está, ou estará, um (a) trabalhador (a) neste momento ou num futuro próximo, e quão bem ele ou ela pode executar seu trabalho, em função das exigências, de seu estado de saúde e capacidades físicas e mentais’. Partindo dessa premissa, o autor estimou a validade e a confiabilidade do Índice a partir de dados coletados de 1.436 trabalhadores de enfermagem de três hospitais públicos do Rio de Janeiro. ‘Os dados serviram para uma melhor análise das relações entre organização do trabalho hospitalar, a saúde e o bem-estar dos profissionais’, informou.
Os procedimentos de análise incluíram a avaliação da validade de construto (validades correlacional e dimensional) e estimativas de confiabilidade. Na validade de construto, a equipe investigou a estrutura dimensional por meio da análise fatorial exploratória a partir da matriz de correlação policórica e análise paralela para retenção dos fatores a serem extraídos. Já para a avaliação da confiabilidade, medida através da consistência interna, foi utilizado os estimadores alfa de Cronbach e ômega de McDonald.
‘As hipóteses teóricas da validade de construto foram confirmadas com correlação direta e significativa do ICT com os escores de recompensa, controle e autoavaliação do estado de saúde; correlação inversa e significativa com a escala de necessidade de recuperação após o trabalho, distúrbios psíquicos menores, esforço, excesso de comprometimento e demanda’, informam os autores. Como conclusão, o Índice de Capacidade para o Trabalho, traduzido e adaptado para o português, apresentou propriedades psicométricas adequadas e que o mesmo dá suporte adicional para pesquisas na área de saúde ocupacional