A pesquisa avaliou 24 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, acompanhados pelo período de cinco anos
Um estudo do Serviço de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) mostra, pela primeira vez, que a produção do hormônio gastrointestinal GLP-1 em pacientes que recuperam peso expressivo após cirurgia bariátrica é diferente daqueles pacientes operados que mantiveram controle do peso satisfatório.
A pesquisa, publicada na revista Obesity Surgery, uma das mais importantes sobre o tema, avaliou 24 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, acompanhados pelo período de cinco anos. Os pacientes que tiveram recorrência da obesidade e reganharam mais da metade do peso perdido apresentaram diminuição nos níveis do GLP-1, enquanto aqueles que mantiveram o peso perdido controlado apresentam níveis mais elevados de produção do hormônio.
O GLP-1 (Peptídeo semelhante ao Glucagon1) é responsável pela diminuição do apetite através do aumento da sensação de saciedade no cérebro. A produção do hormônio é estimulada pela cirurgia bariátrica, considerada a ferramenta mais eficaz no controle e no tratamento da obesidade grave.
A descoberta deverá abrir novas perspectivas de tratamento, explica Marco Aurélio Santo, autor do estudo e responsável pelo Serviço de Cirurgia Bariátrica. “A obesidade é uma doença crônica e de origem multifatorial. Entender melhor os mecanismos envolvidos poderá convergir em propostas de tratamento que se traduzam em resultado clínico”, enfatizou o médico.
Segundo o cirurgião, nos primeiros dois anos, os pacientes, divididos em dois grupos (A e B) e com características semelhantes como idade média e IMC (Índice de Massa Corpórea) no período pré-operatório, perderam muito peso e chegaram a um peso semelhante.
A partir do 3° ano, o grupo A, com 14 pacientes, manteve o peso após perda inicial bem-sucedida, enquanto o grupo B, com dez pacientes, obteve reganho de peso. A influência do hormônio gastrointestinal GLP-1 no processo de recuperação de peso foi evidenciada em apenas um dos grupos, naquele com reganho expressivo. As causas da baixa produção do GLP-1 nesses pacientes ainda é uma incógnita para os pesquisadores. “É como se o organismo cansasse de produzir esse hormônio”, explicou Santo.
Estudos anteriores mostram que, de modo geral, a cirurgia bariátrica melhora uma série de aspectos metabólicos porque também aumenta a secreção de GLP-1. Mas até agora nenhum trabalho havia descrito que pacientes submetidos à cirurgia de redução de estômago que voltam a ganhar peso produzem menos desse hormônio, tema do estudo.
Os resultados deverão nortear novas linhas de pesquisas.
Da Assessoria de Imprensa do Instituto Central do HCFMUSP