Consumo de alimentos ricos em ferro é baixo nessa faixa etária, enquanto ingestão de ultraprocessados é alta
A alimentação de crianças brasileiras entre 6 e 23 meses ainda requer atenção especial. Pesquisa realizada com os pais de 38.566 crianças nessa faixa etária em Unidades Básica de Saúde de municípios de todo o País mostra que apenas 14% delas consumiram alimentos ricos em ferro no dia anterior à consulta, enquanto 56% ingeriram algum tipo de comida ultraprocessada.
Em relação ao aleitamento materno, cuja orientação dos especialistas é de que seja continuado até os dois anos de idade, apenas 53% haviam sido amamentados antes da pesquisa. Os dados fazem parte do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2015, e reforçam a preocupação do órgão com medidas para garantir uma alimentação saudável nessa fase de desenvolvimento.
“Devemos fazer uso de alimentos in natura ou minimamente processados na base da alimentação. Nesse sentido, entendemos que o aleitamento materno deve ser continuado até os dois anos de idade ou mais, garantir uma alimentação adequada e variada, com presença de alimentos ricos em ferro e vitamina A, por exemplo. Já o consumo de alimentos ultraprocessados, como hambúrguer, embutidos, macarrão instantâneo, biscoitos e bebidas adoçadas devem ser evitados. Encontrar percentuais tão elevados nessa faixa etária é algo bastante preocupante”, alerta Sara Araújo, nutricionista da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
O consumo de alimentos como biscoito recheado, macarrão instantâneo e bebidas adoçadas também apresentaram resultados elevados, com índices de 32%, 27% e 40%, respectivamente. Por outro lado, 63% das crianças comeram alimentos ricos em vitamina A, o melhor resultado entre os itens pesquisados.
O uso de ultraprocessados, ricos em açúcar, sódio e gorduras é um dos principais motivos para a ocorrência do excesso de peso, que apresentou crescimento expressivo nos últimos anos em todas as faixas etárias no Brasil.
A nutricionista explica que os períodos mais críticos para o desenvolvimento da obesidade estão na primeira infância e na adolescência. “Quando a obesidade se manifesta na infância, o risco de se tornar um adulto obeso é aumentado. Há evidência de que, a partir dos seis anos, aproximadamente, uma a cada duas crianças obesas torna-se um adulto obeso, enquanto apenas uma a cada dez crianças não obesas alcança o mesmo desfecho quando adulta.”
Cuidados
O aleitamento materno é a melhor opção de alimentação para crianças pequenas e é recomendado de forma exclusiva até os seis meses de vida, devendo ser complementado após essa idade, com a introdução de outros alimentos, mantendo-se a amamentação até os dois anos ou mais.
A partir dos seis meses, as necessidades nutricionais da criança passam a não ser mais atendidas só com o leite materno, embora esse ainda continue sendo uma importante fonte de energia e nutrientes. Então, mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar mamando no peito até os dois anos ou mais.
Como a criança nasce com preferência para o sabor doce, a adição de açúcar a preparações é desnecessária e deve ser evitada nos primeiros anos de vida. Assim, alimentos como bolos preparados com açúcar e alimentos processados, como atum em lata, sardinha em lata e frutas em calda, devem ser evitados.
Na alimentação complementar, devem ser incluídos nas refeições ofertadas para as crianças, alimentos in natura ou minimamente processados. Alimentos in natura são obtidos diretamente de plantas ou de animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza.
Para garantir a alimentação saudável nessa faixa etária, o Ministério da Saúde acompanha os resultados de levantamentos com o objetivo de criar políticas capazes de melhorar a situação apresentada. As recomendações oficiais do órgão estão no Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos, que traz orientações completas aos pais.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde