"A consistência do SciELO prevaleceu sobre os outros competidores", disse Abel Packer, coordenador da biblioteca. A segunda posição coube ao portal HAL, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. Coleções SciELO de outros países também se saíram bem no ranking, caso do Chile (6º lugar) e Cuba (12º). A biblioteca SciELO de Saúde Pública, sediada no Brasil, desponta na nona posição. Outro destaque brasileiro é a coleção Brasiliana, da USP, em 24º lugar.
A SciELO Brasil, sigla para Scientific Electronic Library Online, abrange uma coleção selecionada de 221 periódicos brasileiros, publicados em acesso aberto na internet. Criada em 1997, é um programa especial da Fapesp, em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e com a participação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Atribui-se à biblioteca um papel importante na qualificação das revistas científicas brasileiras. Para ser admitido e depois se manter na coleção, cada periódico precisa cumprir uma série de exigências rígidas em relação à qualidade de conteúdo, à originalidade das pesquisas, à regularidade da publicação, à revisão e aprovação por pares das contribuições publicadas e à existência de um comitê editorial de composição pública e heterogênea.
Para Abel Packer, o desempenho da biblioteca no Webometrics mostra o acerto na decisão da Fapesp e da Bireme de investir numa coleção de acesso aberto.
"O Webometrics é uma iniciativa que começa a adquirir relevância, com toda a complexidade que vem junto com metodologia e estratégias de hierarquizar o desempenho na internet. Ele utiliza um método que consegue avaliar produtos, serviços e sistemas que operam em acesso aberto na web, dividindo-os em repositórios e portais", afirmou.
A conquista do SciELO deu-se na categoria portal. Já na categoria repositório, o primeiro lugar coube ao Social Science Research Network (SSRN). Um destaque brasileiro nesta categoria foi a Biblioteca Digital de Teses da Universidade de São Paulo, classificada em 14º lugar na lista de repositórios.
Criada em 2001, a biblioteca mantém acesso on-line de teses e dissertações defendidas na universidade para consulta ou download. Ainda neste ano, a USP deve alcançar a marca de 100 mil teses e dissertações defendidas, segundo a professora Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, diretora técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP.
De acordo com Sueli, a biblioteca de teses é apenas uma das frentes em que a USP está investindo para reunir sua produção científica e disponibilizá-la. "Estamos discutindo com a comunidade universitária uma política para definir uma conduta única e coesa entre os pesquisadores e, concomitantemente, estamos instalando um repositório institucional para reunir toda a produção da universidade, incluindo artigos científicos dos pesquisadores", disse.
"No caso dos artigos, há questões de propriedade intelectual envolvidas, pois algumas revistas que os publicam são de acesso fechado e não permitem sua divulgação livre na internet, enquanto outras aceitam o depósito em repositório institucional, mas estabelecem um prazo de embargo até que seja liberado para divulgação livre na rede", disse.
A proposta é que toda a produção acadêmica da USP seja depositada no repositório, sendo divulgada na medida em que os contratos com as revistas permitirem.
"Em síntese, o que está sendo discutido é a inserção da Universidade de São Paulo no movimento internacional do acesso aberto. Iniciamos com a abertura e acesso a texto completo das teses e dissertações aqui defendidas, depois passamos para as revistas científicas produzidas em diversas instâncias da universidade e, agora, estamos focando as diversas produções docentes e discentes. Obviamente que para a situação das teses/dissertações e revistas científicas tal adesão ao acesso aberto foi mais simples, pois envolviam apenas a universidade e a própria comunidade interna. Já no caso das demais tipologias documentais têm-se o envolvimento de terceiros, editores, casas publicadoras etc., o que exige maior cuidado e conscientização de todos os envolvidos", afirmou.
Segundo ela, ampliar o acesso aberto à produção científica da USP, via internet, irá potencializar sua visibilidade e, em contrapartida, poderá aumentar a participação da universidade em rankings internacionais.
Ainda na categoria repositório do ranking Webometrics, a Biblioteca Digital Jurídica do Superior Tribunal de Justiça desponta na 12ª posição.