No Brasil, a cada 2 minutos uma pessoa morre em decorrência de morte súbita. Por ano, são 300 mil brasileiros acometidos pela doença, segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). A arritmia cardíaca é responsável por 80% a 90% destes casos.
O coração tem um ritmo de funcionamento constante, que pode se alterar para acompanhar o dia a dia, como bater mais rápido durante uma atividade física, uma forte emoção, ou mais devagar durante o repouso. No entanto, quando essas alterações não ocorrem de forma natural, pode ser sinal de arritmia cardíaca.
O cardiologista do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) Maximiliano Dutra explica o funcionamento do coração. “O coração funciona como se fosse uma escola de samba. Ele possui um marca-passo, chamado de nódulo sinusal, que dita o ritmo de funcionamento, que geralmente varia em torno de 60 a 100 batimentos por minutos. A arritmia acontece quando esta cadência de funcionamento é perdida”.
A arritmia tem diversas origens e pode variar desde quadros mais simples, que não afetam o cotidiano das pessoas, até os mais graves, que podem causar a morte. Surge por motivos como o envelhecimento natural, causas hereditárias, doenças isquêmicas – infarto, doenças relacionadas a parasitas infecciosas – que podem acometer o coração; distúrbios eletrolíticos, como alteração de potássio, magnésio; doenças da tireoide e qualquer outra que faça uma alteração estrutural no coração, fazendo com que ele cresça. “É possível desenvolver arritmia até depois de uma gripe comum, por exemplo. A enfermidade pode gerar uma inflamação em uma membrana no coração ou no músculo cardíaco. Mas estes quadros geralmente são benignos e cessam depois do período de inflamação”, explica Dutra.
Cerca de 20% das arritmias são assintomáticas ou com poucos sintomas, mas os mais comuns são palpitações , cansaço, falta de ar e indisposição. “A maioria dos pacientes que chegam ao hospital relatam um descompasso no coração. Percebendo que o ritmo não está regular”, completa o médico.
Os tratamentos são variados e dependem do quadro de saúde do paciente. Nos casos mais leves, hábitos de vida mais saudáveis ajudam a colocar o coração de volta ao ritmo. Em casos mais graves, remédios e cirurgias podem ser necessários. Uma das técnicas mais sofisticadas insere um pequeno desfibrilador no coração que é acionado quando é necessário corrigir a cadência.
Para prevenir as arritmias cardíacas, assim como outras enfermidades no coração, é importante ter hábitos saudáveis de vida. Evitar bebidas alcoólicas e o tabagismo; reduzir o estresse; praticar atividades físicas e ter uma alimentação saudável também é fundamental.
O cardiologista deixa um alerta: “ É fundamental que ao sentir qualquer sintoma, mesmo que não seja algo específico, procurar atendimento médico. Principalmente as mulheres de meia idade, que geralmente não apresentam os sintomas clássicos como dor no peito ao ter um problema no coração”.
As unidades de Saúde do SUS estão preparadas para fornecer atendimento. Em caso de urgência, o SAMU 192 também pode ser chamado.