No período de janeiro de 2001 a agosto de 2006, os casos de esporotricose – micose transmitida pelo fungo Sporothrix schenckii por meio da arranhadura de gatos – aumentaram no estado do Rio de Janeiro, de acordo com Margarete Bernardo Tavares da Silva, autora da dissertação de mestrado Distribuição sócio-espacial da esporotricose humana de pacientes atendidos no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas no período de 1997 a 2007, residentes no Estado do Rio de Janeiro. O estudo analisou 1.848 casos, com média de 168 destes por ano. Resultados comprovaram que gatos, em ambiente domiciliar e ao mesmo tempo em contato com a natureza, são fatores de risco para contaminação por esporotricose.
De acordo com Margarete Silva, que também é pesquisadora do Ipec, uma das unidades técnico-científicas da Fiocruz, foram confirmados 1.107 casos de esporotricose humana, diagnosticados a partir de atendimento ambulatorial no serviço de referência de estudos clínicos de micoses. A média de notificação anual, entre 2001 e 2005, foi de 184 casos/ano. Segundo a pesquisadora, a esporotricose é uma micose subaguda ou crônica causada, na maior parte dos casos, por implantação traumática do fungo Sporothrix schenckii. Esta micose tem se tornado um problema de Saúde Pública no Estado do Rio de Janeiro devido ao aumento significativo de casos humanos nos últimos anos.
Orientado pelas pesquisadoras Rosely Magalhães de Oliveira (Densp/ENSP/Fiocruz) e Maria Clara Gutierrez Galhardo (Ipec/Fiocruz), a pesquisa apontou que, historicamente, a esporotricose esteve associada a profissionais que lidam com a terra, local onde o fungo causador da doença é encontrado. No entanto, recentemente, em algumas áreas urbanas tem sido registrada a ocorrência de casos relacionados à arranhadura ou mordedura de animais como o gato, levando a surtos familiares, acometendo indivíduos de todas as faixas etárias e sexo, sem que haja necessidade de fatores individuais predisponentes.
De acordo com a autora, o estudo buscou entender a distribuição da esporotricose humana relacionada às condições sociais, ambientais e comportamentais existentes em determinadas localidades. Tais condições determinam a variação na transmissão e manutenção da doença na área de estudo.
Segundo Margarete, o Boletim Epidemiológico do Serviço de Vigilância em Saúde do Ipec de 2007 mostra que, no período de janeiro de 2001 a agosto de 2006, foram confirmados 1.107 casos de esporotricose humana, diagnosticados a partir de atendimento ambulatorial no serviço de referência de estudos clínicos de micoses. A média de notificação anual, entre 2001 e 2005, foi de 184 casos/ano, apontando um aumento no número de notificações ao longo dos anos.
"Desde 2003, a média foi ultrapassada em direção ascendente. Em 2006, os dados até agosto, já ultrapassavam a média dos anos anteriores. Estes dados podem não refletir a realidade da doença em todo o Estado do Rio de Janeiro, mas esta informação nos permite afirmar que ela vem aumentando com o passar dos anos", ressaltou.
A autora pôde concluir que o desconhecimento sobre a doença e os cuidados necessários para evitar a contaminação contribuíram para a manutenção dos casos ao longo desses anos. Além disso, a orientação, o tratamento e a castração desses animais são um dos caminhos para o controle da doença. Segundo Margarete, há uma enorme necessidade de realização de estudos científicos que determinem a transcendência econômica e social desta epidemia para o real conhecimento da situação epidemiológica da esporotricose humana no Rio de Janeiro, sendo necessária a instituição da esporotricose como Doença de Notificação Compulsória a nível Estadual.