A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP anunciou o início de um projeto de pesquisa inédito que vai acompanhar cerca de 3 mil grávidas da cidade para conhecer a relação causal entre o Zika vírus e a microcefalia. O projeto é coordenado pelo professor Benedito Antônio Lopes da Fonseca, do Laboratório de Virologia da FMRP, e pela médica e obstetra do Programa de Assistência à Saúde da Mulher, da Prefeitura Municipal, Suzi Volpato Fábio. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, dia 3 de fevereiro.
O professor Fonseca diz que a pesquisa do grupo de Ribeirão Preto vai acompanhar todas as grávidas, sintomáticas e assintomáticas. “Até agora o que se tem feito é pesquisar somente aquelas que apresentam sintomas de infecção pelo Zika vírus e aquelas que geraram bebês com microcefalia”, diz o coordenador.
Com a proposta, o professor Fonseca espera responder a várias questões, além de comprovar ou não a relação entre Zika vírus e microcefalia. “Se comprovada a relação, vamos saber, por exemplo, o período de maior risco para a grávida, se a infecção assintomática também pode causar microcefalia e em qual mês a microcefalia é causada. Se o feto pode nascer com alguma outra má-formação que não está sendo percebida no Brasil, essa pesquisa também revelará”, afirma o professor.
A participação das grávidas no projeto é voluntária. Toda gestante que iniciar pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Ribeirão Preto poderá participar. As que aceitarem terão coletadas amostras de sangue mensalmente e na hora do parto. As grávidas com sintomas do Zika vírus serão encaminhadas para o Ambulatório de Moléstias Infecciosas do Hospital das Clínicas da FMRP. Nesses casos, o resultado do exame de sangue sairá em até 72 horas. Aquelas que tiverem diagnóstico confirmado pela ultrassonografia de feto com microcefalia serão encaminhadas para o Ambulatório de Medicina Fetal do Hospital. “É importante lembrar que não é apenas o Zika vírus que pode causar microcefalia, existem outras doenças que também podem; por isso, iremos fazer vários testes”, esclarece Fonseca.
As voluntárias podem se cadastrar até 30 de junho deste ano, período escolhido pela maior incidência do Aedes aegypti. “As grávidas que fazem acompanhamento na rede particular e que desejam participar, devem procurar o posto de saúde mais próximo”, diz o pesquisador. Estima-se que cerca de 500 grávidas sejam captadas por mês para o projeto. Até o dia 3 de fevereiro, 30 amostras foram colhidas.
Os resultados da pesquisa devem sair no final de 2017 a um custo aproximado de meio milhão de reais, que serão financiados pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Os pesquisadores buscam recursos também junto ao Ministério da Saúde e agências de fomento para captação e bolsas. A Prefeitura Municipal da cidade entra com toda a infraestrutura de atendimento às gestantes.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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