Os antibióticos foram uma das maiores invenções da medicina e salvaram milhares de vidas. Mas há um temor crescente quanto ao uso excessivo destes medicamentos, que está fazendo com que eles se tornem menos efetivos à medida que bactérias se tornam mais resistentes.
A preocupação é que infecções que eram facilmente tratáveis com antibióticos voltem a ser uma grande ameaça à saúde.
Nesta segunda-feira, a OMS (Organização Mundial da Saúde) inicia um encontro que tem entre seus objetivos criar um plano global para a contenção da resistência antimicrobiana.
No mês passado, o órgão lançou um relatório alertando que 75% dos países não tinham um plano para evitar que vírus e bactérias resistam a medicamentos.
Entre os 133 países consultados – entre eles o Brasil – , apenas 34 tinham projetos para conter a resistência. A OMS não detalhou quais.
Entre 2000 e 2010, segundo estudo da Universidade de Princeton publicado na revista científica The Lancet, o consumo de antibióticos aumentou 36%. Os países dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – foram responsáveis por 76% desse aumento.
Já a venda de antibióticos sem prescrição cresceu 50%.
A OMS tem alertado que o mundo está se dirigindo a uma era pós-antibiótico, em que a maior parte da medicina moderna perde sua utilização.
É da natureza de micróbios desenvolver resistência a drogas usadas contra elas.
Se os remédios pararem de funcionar, infecções comuns como tuberculose podem voltar a matar. Cirurgias e tratamentos de câncer também dependem de antibióticos.
Embora os antibióticos sejam muito discutidos, também há alertas sobre a resistência do HIV a medicamentos antivirais e sobre o parasita que provoca a malária, que está ficando mais resistente a tratamentos.
Fundo
Na semana passada, um relatório liderado pelo economista Jim O’Neill – famoso pela invenção da sigla Brics e que hoje é consultor do governo britânico – pediu que a indústria farmacêutica investisse US$ 2 bilhões em um fundo de inovação para o desenvolvimento de novos antibióticos.
O’Neill afirmou que a resistência a antibióticos pode matar 300 milhões de pessoas prematuramente nos próximos 35 anos.
“Podemos acabar morrendo de algo tão simples quanto um corte feito ao se barbear”, disse.