A questão da saúde e seu atrelamento à nutrição e ao exercício físico tem pautado diversas publicações nos mais diferentes veículos midiáticos. O blog Ciência inForma, idealizado e mantido por professores e pós-graduandos da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, utiliza-se da importância que o assunto tem ganhado para abordá-lo do ponto de vista científico, mas com uma linguagem acessível à qualquer pessoa que se dispuser a lê-lo.
Criado há cerca de quatro meses, o blog surgiu da parceria entre os professores Bruno Gualano, Guilherme Artioli e Hamilton Roschel e as pesquisadoras Fabiana Benatti e Desire Coelho, ambas bacharéis e pós- graduadas pela EEFE, com a intenção de difundir a pesquisa e o conhecimento científico da Universidade para a população. Juntos, os autores publicam textos com assuntos em voga no cenário jornalístico, mas sempre com embasamento nos estudos realizados em suas áreas de atuação.
O professor Gualano aponta que o principal objetivo do Ciência inForma é desmistificar assuntos relacionados à saúde, à nutrição e ao exercício físico, os quais ganham cada vez mais espaço em jornais, revistas e sites, através do conhecimento que possuem como profissionais da área. Além disso, o blog também tem a premissa de se desligar da linguagem técnica e rebuscada usada no meio acadêmico, explicando os tópicos das publicações com um vocabulário menos científico e promovendo a aproximação com o público em geral.
Diferenciando-se de outros veículos pela própria linha editorial que construiu, o blog acaba quebrando alguns mitos que a imprensa convencional divulga. Como exemplo, Gualano citou seu texto sobre o CrossFit, modelo de treinamento realizado em circuíto mesclando exercícios extenuantes de força e resistência e que ganhou grande espaço em academias. Segundo ele, a prática é benéfica, mas não para qualquer pessoa: é preciso que haja uma avaliação da pessoa e de seu estilo de vida para recomendar o exercício correto. “O que a mídia faz é mostrar a modalidade como ideal para todo mundo, o que não é verdade. Não existe um exercício ideal para todos, mas sim ideal para determinado indivíduo”, completa.
O maior desafio, de acordo com o docente, é a disponibilidade de tempo para a edição do conteúdo do blog. Os cinco integrantes são professores e pesquisadores, portanto dividem seu tempo entre as três publicações semanais no Ciência inForma e sua vida acadêmica. Além disso, a falta de experiência com o manuseio de plataformas online também dificulta o trabalho no site. “Além no blog em si, temos um Facebook e um Instagram. Não possuímos muito conhecimento com redes sociais, mas achamos necessário usá-las porque elas servem como um medidor de aceitação do público, de certo modo”, justifica Gualano.
Para além dos muros
Para o pesquisador, a recepção do público do blog tem sido bastante positiva. Durante viagens a congressos e convites de outras faculdades em outras cidades e estados, o professor recebeu bons comentários pelo trabalho, tanto de outros professores quanto alunos e pós-graduandos das áreas de Educação Física, esporte, nutrição e medicina. O Ciência inForma ainda é mais restrito à comunidade científica, alcançando o público leigo muito menos do que o grupo deseja. Contudo, a receptividade, em geral, tem sido positiva. “Os comentários que recebemos no blog são, na maioria, de elogios e agradecimentos pela informação dada”, relata Gualano.
Como forma de aproximar-se do público em geral, há planos de utilização de outros meios digitais para incrementar as matérias e o próprio site. “Uma de nossas ideias para aprimorar o blog são os podcasts”, conta o professor. Além dessa plataforma, outro artifício que os criados do Ciência inForma desejam implementar é o audiovisual. Segundo Gualano, o uso de videorreportagens ou até vídeos complementares aos textos facilitariam ainda mais a compreensão dos assuntos abordados, promovendo maior integração e interação com os leitores, além de dinamização da informação.
“Um de nossos principais projetos para o blog é abrir para que outros pesquisadores também disseminem seus achados científico” diz Gualano. A ideia é que eles sejam colaboradores, sem integrar, de fato, a equipe do site. De acordo com o professor, muitos companheiros de profissão estão interessados pelo blog e, para o quinteto, toda ajuda — desde que seja qualificada — é válida e será muito bem vinda. “Profissionais da USP e de outras faculdades, de São Paulo e outros estados, terão espaço em futuras entrevistas, na publicação de textos sobre suas áreas de atuação e pesquisa, mas sempre tendo em mente assuntos atuais e de interesse público”, completa o pesquisador.